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Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge

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Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge - Página 4 Empty Re: Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge

Mensagem por Lua Qua Fev 20, 2019 3:06 pm

Os olhinhos vermelhos de mademoiselle DeFarge e os dos demais ratkins se fixaram nos de Alain, conforme ele argumentava.


- Madame é uma negociante, todavia me propõe um negócio em que perco de qualquer jeito e aparentemente a senhora ganharia muito pouco. Entretanto, eu sou um negociador e busco sempre o melhor acordo. Então, se me permite, narrarei alguns fatos, descreverei algumas hipóteses e farei uma contra proposta.

- Eu fui à ninhada de Mãe Branca em missão diplomática, propondo termos de cooperação pacífica. A anciã me recebeu bem, mas Alamande me antagonizou desde o início. Quando eu voltei ao refúgio deles, fui atacado violentamente e exerci minha legítima defesa. Sim, eu matei quase uma ninhada inteira que tentava me matar,


— Uma ninhada de bebês indefesos, esmagados por seu peso, monsieur — corrigiu DeFarge, friamente.


e só lamento a imbecilidade de Alamande de forçar as coisas para um desfecho tão lamentável, frustrando o que poderia ser um tratado de paz perfeito. Mãe Branca me despediu em trégua, mas Alamande jurou vingança.


O insulto a Alamande fez os crinos sobressaltarem-se. Apenas mademoiselle DeFarge mantinha uma expressão serena — a boa e velha cara de poker dos negociantes.


- Após isso, eu não persegui nenhum ratkins, embora tivesse motivos para desconfiar de toda a sua raça. Em vez disso, protegi os meus e fiz pesquisas sobre vocês. Sei do papel de Gaia para vocês, servindo como controle populacional.


Mademoiselle assentiu com a cabeça. Não era difícil notar que, assim como Mãe Branca, a velha francesa estava do lado da diplomacia.


Sei como vocês acumulam coisas, inclusive fetiches, tratando os espíritos sem a deferência que os garous praticam, inutilizando muitas dessas ferramentas e ofendendo os espíritos. Sei que seu povo teve pesadas baixas durante a Guerra da Fúria e nutre uma raiva vingativa contra o meu povo. Sei também que vocês têm uma aliança discreta com os Roedores de Ossos, a tribo ômega da Nação Garou.


Nova movimentação entre os crinos, ao mencionar a Guerra da Fúria. Pareciam garanhões encilhados, emanando potência animal.


- Eu reconheci a sabedoria de Mãe Branca em não prolongar as hostilidades contra mim. Eu sou um aliado valioso e um inimigo poderoso. Uma ninhada de ratkins quase não pôde me conter antes, e agora eu sou ainda mais poderoso do que então; cálculo que as chances de eu conseguir eliminar todos vocês são bem elevadas. Adicionalmente, eu sou um membro importante da tribo dos reis garous, e poderia mover tanto a minha tribo quanto os fiannas numa cruzada contra uma raça metamórfica "tão próxima da corrupção da Wyrm". Isso poderia ser o fim de toda a sua raça, algo que já ocorreu no passado com raças mais ferozes. Os ratkins deveriam estar satisfeitos que eu tenha interesses maiores e diversos do que essa refrega que eu não comecei.


Novamente DeFarge assentiu, sem alterar sua expressão. Menos contidos, os demais ratkins crisparam seus pelos diante da ameaça, o que não melhorou com a seguinte frase:


- Embora Alamande tenha exemplificado a falta de honra que um ratkin pode ter


Mãe Branca e a senhora, madame, me fazem ter esperança de que os membros mais valorosos de nossas raças sejam capazes de coexistir em benefício mútuo. Entendo que tenha uma má impressão de mim, mas direi-lhe uma coisa: eu poderia mentir para salvar minha parente e depois roubar o fetiche de sua coleção, poderia chacinar todos vocês antes que percebessem, poderia encontrá-los em qualquer parte do mundo e caçá-los até o final de suas vidas. Mas não é isso que quero.


Dessa vez, mademoiselle DeFarge deu um sorrisinho enigmático.


- E me pergunto agora o que você, madame, quer. Alamande é um deviante da autoridade de Mãe Branca. Aliar-se a ele é uma jogada ruim, você expõe a si mesma e toda a sua raça a uma situação explosiva. O que vai ganhar com isso? Um fetiche que não consegue usar? A cabeça de uma menina que nunca viu na vida? Creio que madame é mais esperta que isso.

- Se quiser negociar comigo, Madame Defarge, vamos negociar. Eu não aceito chantagens. Não pode brincar com a vida de uma pessoa como Alamande está fazendo. Acho que nosso amigo Laforge aqui realmente perdeu o fetiche para você, e estou disposto a comprar da senhora por um preço justo. Sou um homem rico e um garou influente. Além da promessa honrosa de que não atacarei vocês por vingança (como Alamande fez), e de uma oferta de aliança produtiva aqui e no Canadá, posso também interessá-la em qualquer coisa ao meu alcance.

- Então, madame la ratkina, o que acha de considerar a proposta da minha parte?


A velha fitou Alain por alguns instantes, sem dizer nada. Ele quase podia sentir os mecanismos se movendo no interior da ratkin.

— Francamente, monsieur, eu acho uma estupidez que nós metamorfos nos dediquemos a matar-nos entre nós enquanto todos sabem que a grande ameaça a Gaia é o ser humano — disse ela, por fim — Tampouco quero a morte de sua namorada. É uma jovem bonita, branca como uma ratinha..  Mas o negócio que você me propõe é muito ruim! Eu perderia minha klaive. Alamande nunca aceitaria o acordo e eu teria que, no mínimo, omiti-lo de minha gente. Teria que omitir de Alamande!

Todos os ratkins se entreolharam.

— E dinheiro não dura nada nas mãos dos ratkins. Nós não acumulamos riqueza, não desse jeito... — completou.

E se pôs a meditar.

rolagem:

— Este não é um negócio! — suspirou medemoiselle finalmente — Considere-o uma caridade. Em nome da paz entre nossos raças, eu lhe devolv... eu lhe entregarei a klaive e aceitarei seu dinheiro...

Mademoiselle mencionou um valor enorme, que equivalia a cerca de 25% do patrimônio total de Alain *.

— Você também se compromete a não se vingar dos ratkins **. Zeramos as contas e, é claro, vamos colaborar pela paz entre nossas raças ***.

DeFarge fuçou em um monte de papéis e outras coisas da escrivaninha até encontrar um documento.

— Ah, aqui está, tenho uma conta bancária— sorriu e mandou entregá-la a Alain — Uma vez fechado o acordo e transferido o dinheiro, mando libertar Tatiana e você pode ir com sua klaive e LaForge.

rolagens:

Apesar do ânimo conciliador de Mlle DeFarge, Alain percebeu que o clima era tenso entre os crinos. Não havia nenhuma razão para confiar neles.

Laforge também havia notado o perigo. Seu corpo deixara de sacudir-se mas a respiração tinha acelerado. A mão do parente subiu até a caixinha que trazia ao pescoço, enquanto ele sussurrava para Alain:

— Meu remédio... Por favor... Meu remédio.


Off:
* Alain perde 1 ponto de recursos
** Alain não poderá atacar direta ou indiretamente um ratkin por vingança ou represália aos acontecimentos desta quest e da de subida a fostern, sob pena de perder 3 pontos de honra temporária e ganhar o defeito Inimigo (DeFarge e toda sua colônia). A defesa pessoal, de propriedades, fetiches, amuletos e parentes está permitida, bem como vingar-se de ratkins e agressões não relacionados, ou agressões futuras.
*** ganha mademoiselle DeFarge como aliada.
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Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge - Página 4 Empty Re: Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge

Mensagem por Alexyus Qui Fev 21, 2019 1:30 am

Triunfo de Gaia sabia que estava provocando os ratkins com suas palavras, mas isso fazia parte da sua demonstração de força. Eles queriam o combate tanto quanto o phillodox, ou seja, nada, mas precisavam saber que Alain era um oponente temível.

A reação de Defarge às ameaças implícitas indicou ao presa de prata que ela tinha antecipado essa possibilidade, então qualquer combate teria surpresas desagradáveis. Felizmente, a tratativa diplomática estava dando resultados.

- Agora sim estamos negociando! - comentou Alain com um sorriso fugaz - Peça a seus aliados para abandonar a forma de batalha; eu vou soltar monsieur Laforge, e vamos tratar como verdadeiros servos de Gaia.

Alain iria esperar que seu pedido fosse atendido antes de soltar o parente. Se eles não fizessem isso, estariam num impasse.

- Muito bem, madame Defarge, você diz que dinheiro não tem muita utilidade aos ratkins e chama nosso acordo de caridade. Perdoe minha insistencia, mas eu sou um tanto perfeccionista, e não ficarei satisfeito até que tenhamos um bom acordo para ambas as partes. Em vez de negar seus termos, vou aprimorá-los.

- Ao amanhecer, eu e monsieur Laforge, acompanhados de um de seus ratkins, se desejar, iremos ao banco e eu transferirei 10 milhões de euros para sua conta. É o que posso dispor de imediato.


Alain sabia que aquele valor era um décimo do que a ratkin pedira, mas ainda era muito mais do que a maioria dos ratos tem ou precisa.

- Assim que Tatyana for liberada, eu farei uma doação ao Museu de Esgotos de Paris de outros 10 milhões de euros, um valor que posso descontar do imposto de renda. Assim como vocês, não gosto de desperdiçar chances.

- Como madame observou, os humanos produzem muito lixo, e o governo francês terceirizou a reciclagem para outros países. Uma de minhas empresas no Canadá está prestes a entrar nesse ramo, e eu teria prazer em colocar parentes e roedores de ossos franceses que você indicaria para funções chaves na operação, deixando que vocês tivessem acesso privilegiado às operações. Dinheiro gerando mais dinheiro enquanto trabalha a favor de Gaia.

- Tudo isso em troca da devolução segura e intacta da minha parente. Espero que compense os contratempos com Alamande e seu bando.


Alain prosseguiu, olhando para Laforge, que a essa altura já tomara seu remédio, falando de modo explicativo:

- Pela grã-klaive, temos um terceiro interessado: monsieur Laforge deve uma retribuição a minha família pelo fetiche perdido. Mas ao contrário do que parece pensar, nós desejamos que ele continue com suas atividades atuais. Em verdade, queremos garantir a perenidade dele. Monsieur Laforge, no Brasil, há um jovem parente que queremos que se torne seu aprendiz, para que o instrua em sua arte e lhe legue as técnicas fabulosas de seu ofício; era apenas este meu objetivo todo o tempo.

- Mas agora teremos que compensar Madame Defarge, portanto proponho o seguinte arranjo: com o jovem Brian como seu aprendiz, o senhor produzirá um amuleto a cada seis meses, que irá diretamente para madame la ratkina. As vantagens de amuletos sobre fetiches é que ele pode ser usado sem dispêndio de tanta Gnose, seu uso é instantâneo, e seu exterior trabalhado permanece após a liberação do espírito; seria um suprimento constante de armas utilizáveis e colecionáveis que, ao contrário da espada, não despertariam nem a cobiça nem a ira dos garous. Monsieur Laforge continuaria trabalhando como joalheiro, contando com a proteção  de garous e ratkins. O que lhes parece, monsieur et madame?


Alain esperaria que Laforge e Defarge ponderassem sobre a proposta, aceitando ou debatendo a ideia.

Uma vez decidida a questão, ele prosseguiria:

- Agora, Madame Defarge, gostaria de propor efeitos práticos para nossa colaboração. Conhecendo suas habilidades e seus interesses, eu imagino que a senhora e os de sua raça encontrem diversos fetiches perdidos por aí, recursos que muitos garous gostariam de recuperar. Eu poderia não apenas divulgar suas atividades dentro da Nação Garou como também intermediar negociações para garantir que sejam pacíficas; a senhora poderia colocar o preço que  lhe aprovesse, eu não cobraria nenhum tipo de recompensa ou comissão, bastando-me a Honra e a Sabedoria de auxiliar para a cooperação mútua entre as criaturas de Gaia.

- Eu me comprometo solenemente a não tomar vingança direta ou indireta sobre nenhum ratkin pelo decorrer desses eventos desde que não seja atacado direta ou indiretamente por nenhum de vocês. Considero a lamentável perda da ninhada de Mãe Branca vingada pela morte da matilha fiannas,, encerrando de vez essa refrega entre nós.

O que pensa disso, madame la ratkina?


Alain tinha dado concretude ao pacto de aliança com a ratkin, elaborando efeitos práticos e vantajosos para os dois lados. A melhor proposta que a ratkin poderia conseguir, e também a oferta final do phillodox.
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Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge - Página 4 Empty Re: Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge

Mensagem por Lua Qua Fev 27, 2019 5:38 pm

A situação era tensa. Alain podia sentir a fúria dos crinos como uma espécie de eletricidade no ar. Por sua vez, os roedores entravam e saiam dos montes de tralha, agitados.


- Agora sim estamos negociando! - comentou Alain com um sorriso fugaz - Peça a seus aliados para abandonar a forma de batalha; eu vou soltar monsieur Laforge, e vamos tratar como verdadeiros servos de Gaia.


Mlle DeFarge fez um gesto de cabeça em direção aos crinos.

Houve alguns instantes de hesitação, depois o grandalhão albino passou a hominídeo, sendo seguido pelos demais.

Alain já sabia que os ratkins mantinham um pouco da aparência murina mesmo na forma hominídea mas aqueles indivíduos levavam essa característica ao exagero. O albino tinha a cara alongada, formando uma espécie de "focinho" com dentes incisivos saltados mesmo com a boca fechada, além de orelhas grandes e arredondadas. Outro homem também tinha grandes orelhas redondas e um nariz comprido, com o sulco naso labial partido como o de qualquer roedor. A terceira era uma garota que seria bonita, não fosse pelo nariz demasiado longo, orelhas de abano e incisivos que se projetavam sobre seus lábios carnudos. Parecia bem jovem e tinha um ar inocente. Finalmente, o quarto hominídeo era atarracado, com nariz largo e redondo, olhos pequenos e separados por uma ossatura profusa, que lhe dava um aspecto bestial, além dos dentes e orelhas salientes. Jamais passariam despercebidos. Humanos ririam assustados e quem quer que soubesse da existência dos ratkins os reconheceria.

Estava claro que ao menos o albino era um métis.


- Muito bem, madame Defarge, você diz que dinheiro não tem muita utilidade aos ratkins e chama nosso acordo de caridade. Perdoe minha insistencia, mas eu sou um tanto perfeccionista, e não ficarei satisfeito até que tenhamos um bom acordo para ambas as partes. Em vez de negar seus termos, vou aprimorá-los.

- Ao amanhecer, eu e monsieur Laforge, acompanhados de um de seus ratkins, se desejar, iremos ao banco e eu transferirei 10 milhões de euros para sua conta. É o que posso dispor de imediato.


Mlle estreitou os olhinhos, cética. No mais, manteve a cara de poker.


- Assim que Tatyana for liberada, eu farei uma doação ao Museu de Esgotos de Paris de outros 10 milhões de euros, um valor que posso descontar do imposto de renda. Assim como vocês, não gosto de desperdiçar chances.

- Como madame observou, os humanos produzem muito lixo, e o governo francês terceirizou a reciclagem para outros países. Uma de minhas empresas no Canadá está prestes a entrar nesse ramo, e eu teria prazer em colocar parentes e roedores de ossos franceses que você indicaria para funções chaves na operação, deixando que vocês tivessem acesso privilegiado às operações. Dinheiro gerando mais dinheiro enquanto trabalha a favor de Gaia.

- Tudo isso em troca da devolução segura e intacta da minha parente. Espero que compense os contratempos com Alamande e seu bando.


Neste ponto, DeFarge estalhou em uma sincera gargalhada.

— E que me interessa o Museu dos Esgotos? Só aproveitamos os túneis ao redor, a maioria deles umbrais. Seria até melhor se nos livrássemos desses turistas idiotas, comentando bobagens e fazendo a milésima foto do mesmo lugar, agora com suas caras de tontos nelas.

E reciclagem, hahahahah — mademoiselle enxugava os olhinhos lacrimosos de riso — Você sabe o que significa reciclagem, mon enfant? Na prática, que o material vai dar uma voltinha mais entre os humanos antes de virar lixo, igual ao resto. Não acredito que os garous caem nessa, hahah! Ou melhor, caem, e sabe por que? Porque vocês já são iguaizinhos aos humanos. Levam o mesmo estilo de vida e se iludem com as mesmas bobagens que eles: recusar canudinhos, pôr garrafinhas para reciclar, ajudar uma onguezinha de parentes. Com bilhões de pessoas consumindo recursos e poluindo como loucas! Bah, nada disso resolverá o problema, mon cher, só vai adiar o colapso que finalmente nos livrará dos humanos e dessa inepta "liderança" que vocês estão exercendo.

O desabafo de Mlle DeFarge agradou os ratkins, que sorriam petulantes. Monsieur Laforge, ao contrário, voltou a tremer e agitar-se. Não havia tomado o remédio, mas agarrava a caixinha como se fosse sua salvação.


- Pela grã-klaive, temos um terceiro interessado: monsieur Laforge deve uma retribuição a minha família pelo fetiche perdido. Mas ao contrário do que parece pensar, nós desejamos que ele continue com suas atividades atuais. Em verdade, queremos garantir a perenidade dele. Monsieur Laforge, no Brasil, há um jovem parente que queremos que se torne seu aprendiz, para que o instrua em sua arte e lhe legue as técnicas fabulosas de seu ofício; era apenas este meu objetivo todo o tempo.

- Mas agora teremos que compensar Madame Defarge, portanto proponho o seguinte arranjo: com o jovem Brian como seu aprendiz, o senhor produzirá um amuleto a cada seis meses, que irá diretamente para madame la ratkina. As vantagens de amuletos sobre fetiches é que ele pode ser usado sem dispêndio de tanta Gnose, seu uso é instantâneo, e seu exterior trabalhado permanece após a liberação do espírito; seria um suprimento constante de armas utilizáveis e colecionáveis que, ao contrário da espada, não despertariam nem a cobiça nem a ira dos garous. Monsieur Laforge continuaria trabalhando como joalheiro, contando com a proteção  de garous e ratkins. O que lhes parece, monsieur et madame?


— Mademoiselle — corrigiu DeFarge com uma carinha charmosa — Sou solteira.

Não disse mais nada, porém. Limitou-se a olhar para Laforge, inquisitiva.

O parente estava pensativo.

rolagem:

— Sim — disse Laforge, ainda um pouco temeroso — Posso fazer o que me pede, monsieur.


- Agora, Madame Defarge, gostaria de propor efeitos práticos para nossa colaboração. Conhecendo suas habilidades e seus interesses, eu imagino que a senhora e os de sua raça encontrem diversos fetiches perdidos por aí, recursos que muitos garous gostariam de recuperar. Eu poderia não apenas divulgar suas atividades dentro da Nação Garou como também intermediar negociações para garantir que sejam pacíficas; a senhora poderia colocar o preço que  lhe aprovesse, eu não cobraria nenhum tipo de recompensa ou comissão, bastando-me a Honra e a Sabedoria de auxiliar para a cooperação mútua entre as criaturas de Gaia.

- Eu me comprometo solenemente a não tomar vingança direta ou indireta sobre nenhum ratkin pelo decorrer desses eventos desde que não seja atacado direta ou indiretamente por nenhum de vocês. Considero a lamentável perda da ninhada de Mãe Branca vingada pela morte da matilha fiannas,, encerrando de vez essa refrega entre nós.

O que pensa disso, madame la ratkina?


Os olhares se voltaram para Mlle DeFarge.

rolagem:

— Está bem — disse Mlle LaForge — Gostei da idéia dos amuletos! Ao amanhecer... humm... você, Josephine, acompanhará monsieur Laforge e monsieur Alain ao banco para a transferência dos 10 milhões de euros para minha conta.

A garota com cara de rata se espantou um pouco mas assentiu.

Spoiler:

— Em seguida, ligarei para Alamande, dizendo que monsieur Alain preferiu a namorada e que eu conservarei a klaive comigo  *. Assim que tivermos a comprovoção de que ele a soltou, monsieur estará livre para fazer a doação ao Museu de Esgotos de Paris de outros 10 milhões de euros. Francamente, eu preferiria que o senhor deixasse de agir como um maldito humano usureiro e esquecesse os impostos para depositar esse valor também na minha conta. Mas fica a seu critério.

"Vou ver entre os roedores de ossos quem podemos indicar para essa fábrica de ilusões que monsieur tem no Canadá. Por minha parte, não me interessa, mas posso conseguir um acordo vantajoso com os roedores. No mínimo, será engraçado ver executivos vindos dessa tribo.

Já estou a par das habilidades de joalheiro de monsieur Laforge e vou querer meu amuleto a cada seis meses. Para começar, quero um par de brincos iguais aos daquela foto de Ameline Oberhouzer que saiu nas revistas".


Mlle virou o rosto e afastou uma mecha de cabelo com um gesto gracioso, mostrando uma grande orelha rosada. Pela primeira vez, Laforge sorriu.

— Quanto à intermediação de fetiches, se aparecer alguma oportunidade, podemos nos colocar em contato, eu não me oponho. Mas tenha em mente que cada ratkin pensa de um modo diferente, monsieur. Além disso, as negociações teriam de ser muito sigilosas. Não se esqueça que estamos... hummm... omitindo verdades a um ratkin, até onde vi, bastante influente — Alamande. Não vamos querer atrair atenção para o acordo que estamos fazendo aqui, pois poderia ser mal interpretado por minha gente. Finalmente, não está demais lembrar que o senhor não se vingará dos ratkins, nos termos em que falou.

DeFarge olhou para Alain fixamente. Os demais ratkins pareciam perplexos pelo resultado das negociações. Mesmo em hominídeo, a tensão persistia.

— Bem — finalizou a ratinha — Se está tudo conforme, monsieur Bourbon D´Órleans, podemos começar a executar o acordo tão pronto se abram os bancos.Que lhe parece?


Off:
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Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge - Página 4 Empty Re: Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge

Mensagem por Alexyus Ter Mar 05, 2019 11:39 pm

Triunfo de Gaia já tinha vencido a parada, mas ainda se meteu a fazer algumas correções:

- Cher Damme Defarge, está me subestimando novamente! Não dou tanto crédito à reciclagem quanto pensa, mas controlar o dispêndio de lixo de uma cidade como Paris têm inúmeras vantagens embutidas. Como diriam os roedores de ossos, o lixo de uns é a riqueza de outros! E embora eles pudessem dar executivos interessantes, creio que nos seriam mais úteis em funções como capatazes, líderes de equipe, entregadores e vigias. A operação começa aqui em solo francês e só termina no Canadá, então há duas pontas para operar.

- Quanto ao nosso acordo, eu não negociarei com outros ratkins exceto você, e espero que me conceda primazia em intermediar negociações com garous, só assim posso garantir tratativas pacíficas. Não se preocupem, sei ser discreto, sua verdadeira identidade permanecerá oculta.

- E sobre o Museu de Esgotos, seja razoável, cher damme, a manutenção que os humanos fazem nos túneis é útil para os ratkins. E tenho certeza que o volume de turistas é um vetor excelente para espalhar pragas entre os humanos.

- Mas ouvi, considero nossos termos satisfatórios e concordo com nosso pacto. Assim que amanhecer, iremos ao banco, nest-ce-pas, monsieur Laforge?


Alain achou boa a decisão de escolher a ratkin Josephine para acompanhar a transação, ela era mesmo a menos repulsiva da ninhada. Logo que saíssem para ir ao banco, Alain tentaria conversar com ela, conhecer sua história e ganhar sua confiança.

Após a conclusão da operação bancária, Alain aguardaria com Laforge pelo sinal de Defarge de que Tatyana tinha sido libertada. Aproveitaria a ocasião para conversar com Laforge e tentar ganhar a confiança dele também.

- Como pode ver, monsieur, eu prezo pela segurança e bem-estar dos parentes sob minha proteção. Não sei que histórias ouviu ou que garous conheceu, mas esse é o meu modo de conduzir os assuntos na Nação Garou. Poderia se beneficiar se colaborasse mais conosco.

Apesar da postura calma e controlada, Alain checava discretamente o celular de tempos em tempos, esperando alguma comunicação de Tatyana, Maysa ou mesmo Ameline. Ainda precisava conversar seriamente com cada uma das três antes de dar o caso por encerrado.
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Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge - Página 4 Empty Re: Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge

Mensagem por Lua Qua Mar 06, 2019 4:05 pm

- Cher Damme Defarge, está me subestimando novamente! Não dou tanto crédito à reciclagem quanto pensa, mas controlar o dispêndio de lixo de uma cidade como Paris têm inúmeras vantagens embutidas. Como diriam os roedores de ossos, o lixo de uns é a riqueza de outros! E embora eles pudessem dar executivos interessantes, creio que nos seriam mais úteis em funções como capatazes, líderes de equipe, entregadores e vigias. A operação começa aqui em solo francês e só termina no Canadá, então há duas pontas para operar.

- Quanto ao nosso acordo, eu não negociarei com outros ratkins exceto você, e espero que me conceda primazia em intermediar negociações com garous, só assim posso garantir tratativas pacíficas. Não se preocupem, sei ser discreto, sua verdadeira identidade permanecerá oculta.

- E sobre o Museu de Esgotos, seja razoável, cher damme, a manutenção que os humanos fazem nos túneis é útil para os ratkins. E tenho certeza que o volume de turistas é um vetor excelente para espalhar pragas entre os humanos.

- Mas ouvi, considero nossos termos satisfatórios e concordo com nosso pacto. Assim que amanhecer, iremos ao banco, nest-ce-pas, monsieur Laforge?


Mlle deu um longo bocejo com sua boquinha estreita, que não ocultava os dentes incisivos amarelados, os de baixo mais compridos que os de cima.

Monsieur Laforge assentiu com a cabeça. Parecia extremamente cansado.

Enquanto esperavam o horário dos bancos, Mlle ofereceu as comodidades da colônia a Laforge para sua limpeza. Tudo o que o assustadiço parente aceitou foi uma calça e uma toalha úmida. Quando saiu de detrás dos entulhos, vestia uma Balenciaga em perfeito estado, a não ser por um fiozinho puxado e o fato de destoar completamente do resto de suas roupas.


Alain achou boa a decisão de escolher a ratkin Josephine para acompanhar a transação, ela era mesmo a menos repulsiva da ninhada. Logo que saíssem para ir ao banco, Alain tentaria conversar com ela, conhecer sua história e ganhar sua confiança.


Alain não tinha feito nada para ganhar a simpatia dos ratkins, que o consideravam, no mínimo, mais um garou arrogante. Josephine era tranquila para os padrões da raça, assim que, longe da tensão do museu, dedicou uma amabilidade distante a Alain. Tinha uma voz linda e contou-lhe que ganhava dinheiro cantando nos bares e restaurantes dos lugares por onde passava, já que mochilava pelo mundo.

No banco, o trâmite requeria uma certa burocracia e aquela trupe não inspirava exatamente confiança nos seres humanos. Mesmo assim, Alain conseguiu transferir o dinheiro para a conta de DeFarge.

Ao voltarem, DeFarge conferiu os papéis atentamente e guardou-os na mesma gaveta bagunçada em que achara o número de sua conta.


Após a conclusão da operação bancária, Alain aguardaria com Laforge pelo sinal de Defarge de que Tatyana tinha sido libertada. Aproveitaria a ocasião para conversar com Laforge e tentar ganhar a confiança dele também.

- Como pode ver, monsieur, eu prezo pela segurança e bem-estar dos parentes sob minha proteção. Não sei que histórias ouviu ou que garous conheceu, mas esse é o meu modo de conduzir os assuntos na Nação Garou. Poderia se beneficiar se colaborasse mais conosco.


— Eu não ouvi histórias — sussurrou Laforge. — Em duas ocasiões eu vi lobisomens matando humanos e, definitivamente, não é algo pelo qual eu pense passar. No entanto, eu confio nas suas palavras. É bom poder ressarcir sua família. De verdade, eu me sentia muito mal pela perda da klaive. Era algo que tinha sido confiado a mim por meu pai e eu sei da importância delas para nossa gente. Pode ficar tranquilo, vou ensinar tudo o que sei a esse garoto. E vou colaborar com você e com a sua seita o mais que possa, dentro das minhas possibilidades de parente.

A conversa foi interrompida por um “shhhh” de mademoiselle, que ligava para Alamande, tendo o cuidado de ativar o viva voz.

Como combinado, mademoiselle mentiu, dizendo que Alain tinha preferido salvar Tatiana e que ela permaneceria com a klaive.

rolagem:

Alamande desconfiou das palavras de mademoiselle, que, controlando o desespero, “explicou melhor” a mentira.

rolagem:

Houve um longo silêncio, então Alamande falou:

— Acredito que você não é tão idiota a ponto de perder seu fetiche para um garou, modemoiselle DeFarge. Mas será melhor para a sua saúde que não tenha brincado com a minha vingança.

E desligou.

Houve um momento de expectativa, até que uma mensagem chegou ao celular de DeFarge. Era um vídeo, em que se via um carro diminuindo a velocidade e atirando Tatiana pela porta na calçada em frente ao apartamento de Alain.

Uma contrariada DeFarge mandou que os ratkins trouxessem a klaive.

Após uns minutos, o grandalhão voltou carregando o fetiche e entregou-o a Alain.  

Foi como um soco no estômago. Talvez a emoção mais parecida a esta, Alain sentiria no momento em que tomasse seu primeiro filho nos braços. Era belíssima, perfeita, dele. Alain quase podia sentir os espíritos dentro dela, fortes, como a energia concentrada sob a pele de um poderoso animal. Estava pronta para a harmonização.

Uma mensagem, então, chegou a seu celular. Era de Maysa.

Spoiler:

Em seguida chegou uma de Ariana, informando que Tatiana havia aparecido, muito machucada, mas aparentemente bem. Tinha se recusado a falar o que tinha acontecido e a ir a um hospital. Agora dormia profundamente, abraçada a Starik.

De Ameline, nada. Já eram quase 11:30. Há muito o motorista havia passado pelo hotel, sem encontrar Alain ou alguma explicação para a ausência. Não era preciso ser philodox para saber que ela não faria contato após a suposta rejeição.
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Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge - Página 4 Empty Re: Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge

Mensagem por Alexyus Ter Mar 12, 2019 11:49 pm

Josephine era tranquila para os padrões da raça, assim que, longe da tensão do museu, dedicou uma amabilidade distante a Alain. Tinha uma voz linda e contou-lhe que ganhava dinheiro cantando nos bares e restaurantes dos lugares por onde passava, já que mochilava pelo mundo.

Alaín era um presa de prata mais próximo da Casa do Sol da tribo, e um sorriso solar abriu-se em seu rosto ao sair dos esgotos e voltar a caminhar pela cidade à luz do dia.

A ratkin Josephine mostrava-se menos renitente que os demais de sua raça, e Alaín ouviu-a com atenção, mostrando-se interessado nas experiências e vivências de sua acompanhante. D'Órleans era um homem viajado e poderia conhecer muitos dos lugares que ela citaria, trocando impressões e dicas sobre os pontos visitados ou visados.

No banco, o trâmite requeria uma certa burocracia e aquela trupe não inspirava exatamente confiança nos seres humanos. Mesmo assim, Alain conseguiu transferir o dinheiro para a conta de DeFarge.

Embora seus acompanhantes não inspirassem muita confiança no ambiente bancário, Alaín não se impressionava com o luxo dos grandes bancos e era por si mesmo uma presença imponente em qualque lugar do mundo. Além do mais, estava acostumado a tratar de trâmites burocráticos e não encontrou grandes dificuldades em conseguir o que queria.

Ao voltarem, DeFarge conferiu os papéis atentamente e guardou-os na mesma gaveta bagunçada em que achara o número de sua conta.

Com o primeiro passo dado, Alaín sentou-se para esperar que DeFarge fizesse sua parte.

— Eu não ouvi histórias — sussurrou Laforge. — Em duas ocasiões eu vi lobisomens matando humanos e, definitivamente, não é algo pelo qual eu pense passar. No entanto, eu confio nas suas palavras. É bom poder ressarcir sua família. De verdade, eu me sentia muito mal pela perda da klaive. Era algo que tinha sido confiado a mim por meu pai e eu sei da importância delas para nossa gente. Pode ficar tranquilo, vou ensinar tudo o que sei a esse garoto. E vou colaborar com você e com a sua seita o mais que possa, dentro das minhas possibilidades de parente.

Alaín assentiu, compreensivo, demonstrando empatia com o ponto de vista de Laforge. Ele gostou de ouvir o parente usar o termo "nossa gente", pois isso o situava mais próximo dos garous e menos refratário a envolver-se nos assuntos da Nação.

A conversa foi interrompida por um “shhhh” de mademoiselle, que ligava para Alamande, tendo o cuidado de ativar o viva voz.

Como combinado, mademoiselle mentiu, dizendo que Alain tinha preferido salvar Tatiana e que ela permaneceria com a klaive.

Alamande desconfiou das palavras de mademoiselle, que, controlando o desespero, “explicou melhor” a mentira.

Houve um longo silêncio, então Alamande falou:

— Acredito que você não é tão idiota a ponto de perder seu fetiche para um garou, modemoiselle DeFarge. Mas será melhor para a sua saúde que não tenha brincado com a minha vingança.

E desligou.

Houve um momento de expectativa, até que uma mensagem chegou ao celular de DeFarge. Era um vídeo, em que se via um carro diminuindo a velocidade e atirando Tatiana pela porta na calçada em frente ao apartamento de Alain.

Uma contrariada DeFarge mandou que os ratkins trouxessem a klaive.

Alaín aproveitou o momento para semear a discórdia entre os ratkins de modo sutil:

- Um conselho, chérie madame: eu já lidei pessoalmente com Alamande, e ele não é nem razoável nem honrado em qualquer acepção da palavra. Eu redobraria minhas reservas contra ele e evitaria confiar na palavra dele no futuro.

Após uns minutos, o grandalhão voltou carregando o fetiche e entregou-o a Alain.  

Foi como um soco no estômago. Talvez a emoção mais parecida a esta, Alain sentiria no momento em que tomasse seu primeiro filho nos braços. Era belíssima, perfeita, dele. Alain quase podia sentir os espíritos dentro dela, fortes, como a energia concentrada sob a pele de um poderoso animal. Estava pronta para a harmonização.

Triunfo-de-Gaia empunhou a espada honorável que deveria ter pertencido a seus ancestrais com um sentimento misto de assombro e êxtase. Não era apenas uma herança de família, era uma das mais poderosas armas que um garou poderia manejar. Ele olhou-a junto aos olhos e lentamente ergue-a no ar, sentindo no brilho da lâmina a luz da vitória. A luz do triunfo.

Spoiler:

Tendo completado essa parte da missão, ele despediu-se de Mademoiselle DeFarge, e também de Josephine e o restante da ninhada, trocando contatos para futuras negociações.

Acompanhado de Monsieur Laforge, ele voltou até onde tinha estacionado sua Ferrari Superamerica e consultou seu telefone antes de partir de volta a Mônaco.

A mensagem de Maysa era um indicativo lamentável.

"Tudo indica que ela se envolveu romanticamente com aquele charach vira-latas. Mas se ainda quiser ficar com ele após ver a mensagem que ele me enviou, então ela é muito menos digna do que pensei..."

A mensagem de Ariana confirmou o que o vídeo de Alamande mostrara. Ela enfrentava as consequências por ter desobedecido as instruções dele, e Alaín era um juiz justo e imparcial; não iria oferecer palavras de consolo neste momento. Esperaria até que ela entrasse em contato ou até que ele voltasse ao Canadá.

A súbita constatação de que o compromisso com Ameline estava irremediavelmente perdido atingiu-o com dureza, a primeira coisa realmente ruim naquele dia.

Rapidamente, ele enviou uma mensagem para o celular dela:

Alaín para Ameline escreveu:Monsieur Laforge mentiu e tentou fugir, mas encontrei-o em Paris e consegui convencê-lo ame ajudar. Lamento que essa viagem imprevista tenha inviabilizado nosso encontro. Partirei para a América em dois dias, mas caso deseje conversar comigo antes disso, estarei ao seu dispôr.

Ligando o motor e olhando para Laforge, ele comentou:

- Acho que decepcionei mademoiselle Oberhalzer. Se puder falar bem de mim a ela no futuro, monsieur, talvez esse estrago ainda possa ser reparado.

Alaín levaria Laforge de volta a seu endereço em Mônaco, trocando informações de contato com ele e prometendo-lhe que Brian chegaria em breve para ser seu aprendiz.

De volta ao hotel, ele enviaria um relatório completo a Anton e perguntaria sobre a saúde de seu parente internado. A morte da matilha fianna não era algo que o phillodox lamentasse, mas já tinha as explicações prontas caso o ancião o indagasse sobre ela, dizendo somente a verdade, mesmo que com poucos detalhes.

Cumprindo com a segunda parte do acordo com a ratkin, Alaín doaria 5 milhões de euros para o museu e depositaria os 5 milhões restantes na conta de DeFarge, comoum agradecimento e sinal de boa fé.

Depois de reservar sua viagem de volta, Alaín dedicaria o restante daquele dia e a inteireza do seguinte a cuidar de seus negócios e relaxar antes de voltar para o Brasil.
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Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge - Página 4 Empty Re: Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge

Mensagem por Lua Qua Mar 13, 2019 5:00 pm

- Um conselho, chérie madame: eu já lidei pessoalmente com Alamande, e ele não é nem razoável nem honrado em qualquer acepção da palavra. Eu redobraria minhas reservas contra ele e evitaria confiar na palavra dele no futuro.


DeFarge fez uma carinha de desgosto. Era impossível saber se ela levaria em conta ou não o conselho de Alain. O que estava claro era que lhe doía a perda do fetiche.


Triunfo-de-Gaia empunhou a espada honorável que deveria ter pertencido a seus ancestrais com um sentimento misto de assombro e êxtase. Não era apenas uma herança de família, era uma das mais poderosas armas que um garou poderia manejar. Ele olhou-a junto aos olhos e lentamente ergue-a no ar, sentindo no brilho da lâmina a luz da vitória. A luz do triunfo.


rolagem:

Alain sentiu a grã-klaive fundir-se a seu corpo. Apreciou seu poder e conheceu os espíritos que nela habitavam.

Grã-klaive:


A súbita constatação de que o compromisso com Ameline estava irremediavelmente perdido atingiu-o com dureza, a primeira coisa realmente ruim naquele dia.

Rapidamente, ele enviou uma mensagem para o celular dela:

Monsieur Laforge mentiu e tentou fugir, mas encontrei-o em Paris e consegui convencê-lo ame ajudar. Lamento que essa viagem imprevista tenha inviabilizado nosso encontro. Partirei para a América em dois dias, mas caso deseje conversar comigo antes disso, estarei ao seu dispôr.

Ligando o motor e olhando para Laforge, ele comentou:

- Acho que decepcionei mademoiselle Oberhalzer. Se puder falar bem de mim a ela no futuro, monsieur, talvez esse estrago ainda possa ser reparado.


Laforge deu um sorriso.

— Talvez não tenha sido uma decepção muito grande, monsieur... Ameline sabia que algo estranho estava passando. No dia em que nós dois nos conhecemos, logo após sua partida, ela me ligou curiossíssima sobre toda essa história de tesouros roubados e balas de prata. Claro que eu fiz o máximo para proteger o Véu e deixar claro que minha vida estava, de fato, em perigo...

Laforge suspirou.

— Mas não sei o que têm na cabeça das moças de hoje em dia. Quanto mais eu tentava mostrar que monsieur era perigoso, sem revelar a verdade, mais Ameline ficava interessada. Mistério e perigo são como um imã para ela... Então teve essa idéia de convidá-lo a um passeio de yate para eu pudesse afastar-me. Não pude, de modo algum, dissuadí-la. Mais tarde, quando vi que não poderia recomeçar minha vida do outro lado do mundo, confesso que acabei por chamá-la do aeroporto de Nice e ela me conseguiu um jato fretado de Cannes a Paris. Estava feliz de participar! Não é que Ameline saiba de algo, pelo amor de Gaia, espero que o senhor não esteja pensando em vingar-se — a preocupação tomou conta do rosto de Laforge — o que quero dizer é que ela sabe que as coisas poderiam complicar-se. É uma boa moça, monsieur. Impulsiva, e acaba ganhando inimigos por falar sem pensar, mas tem um grande coração. E uma coragem irresponsável. Rogo que não faça nenhum mal a ela. De minha parte, falarei bem do senhor, se é o que deseja.


Alaín levaria Laforge de volta a seu endereço em Mônaco, trocando informações de contato com ele e prometendo-lhe que Brian chegaria em breve para ser seu aprendiz.


O desconfiado Laforge relutou o que pôde em dar seu endereço a Alain, mas, ao fim, este conseguiu levá-lo a sua residência. Era um apartamento bem localizado e confortável, seguramente fruto dos pagamentos generosos de Ameline.


De volta ao hotel, ele enviaria um relatório completo a Anton e perguntaria sobre a saúde de seu parente internado. A morte da matilha fianna não era algo que o phillodox lamentasse, mas já tinha as explicações prontas caso o ancião o indagasse sobre ela, dizendo somente a verdade, mesmo que com poucos detalhes.


Anton ligou imediatamente em resposta. Depois das cortesias e congratulações pelo resultado da missão, completou:

— Alain eu sinto muito não ter podido acompanhar mais de perto sua missão. Tudo o que fiz nos últimos dias foi estar no hospital com Alexey, infiltrando theurges, pois a medicina humana já não podia fazer nada por ele, e protegendo o Véu. Felizmente meu irmão está fora de risco e conseguimos encobrir a morte dos jovens. Victória cuidou disso e do rapto de Tatiana, mas ela estava buscando entre os inimigos da matilha fianna, que eram muitos, e os dançarinos da espiral negra e não pensou nos ratkins. Agora, com o que você me contou, tudo faz sentido. Mas eu liguei para dizer que não me importa a responsabilidade que você possa ter tido nessa história: sangue presas de prata, sangue Volkov foi derramado. Isso é inaceitável! Respeito o acordo que você fez, mas saiba que esses ratos estão entalados na minha garganta. Conte comigo se um dia voltarem a te ameaçar.

Alain quase podia sentir a fúria do ancião do outro lado da ligação.


Depois de reservar sua viagem de volta, Alaín dedicaria o restante daquele dia e a inteireza do seguinte a cuidar de seus negócios e relaxar antes de voltar para o Brasil.


Alain tinha acabado de comprar a passagem quando ligaram da recepção do hotel. Ameline em pessoa pedia para vê-lo.

Ela deu um sorriso quando Alain abriu a porta. Estava vestida com simplicidade: calça branca justa, camiseta clara sem sutiã, quase nenhum adorno e um batom clarinho, que pouco fazia além de realçar seus lábios macios. Não usava perfume, cheirava apenas a ela. E estava estupenda. Como da outra vez, toda sua atitude indicava o que viera buscar ali. De novo, o lobo de Alain rugiu sob a pele.

Por isso foi tão surpreendente quando Ameline simplesmente sentou-se na borda de um sofá e perguntou:

— E então, lobisomem. Vai ou não vai me contar toda a história?

Spoiler:
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Mensagem por Alexyus Ter Mar 19, 2019 9:09 pm

Laforge escreveu:— Talvez não tenha sido uma decepção muito grande, monsieur... Ameline sabia que algo estranho estava passando. No dia em que nós dois nos conhecemos, logo após sua partida, ela me ligou curiossíssima sobre toda essa história de tesouros roubados e balas de prata. Claro que eu fiz o máximo para proteger o Véu e deixar claro que minha vida estava, de fato, em perigo...

Aquela informação pegou Triunfo-de-Gaia de surpresa.

"Então ela sabia de tudo que estava acontecendo! Algum dia preciso checar o quanto Lefarge realmente sabe sobre o mundo garou..."

Laforge escreveu:Não é que Ameline saiba de algo, pelo amor de Gaia, espero que o senhor não esteja pensando em vingar-se — a preocupação tomou conta do rosto de Laforge — o que quero dizer é que ela sabe que as coisas poderiam complicar-se. É uma boa moça, monsieur. Impulsiva, e acaba ganhando inimigos por falar sem pensar, mas tem um grande coração. E uma coragem irresponsável. Rogo que não faça nenhum mal a ela. De minha parte, falarei bem do senhor, se é o que deseja.

- Reste calme, monsieur! Ameline Oberhaulzer é uma pessoa famosa demais para ser ameaçada sem comprometer o Véu. Mais do que isso, ela é uma figura de grande influência e poder na sociedade humana, ou seja, uma excelente aliada em potencial. Não sei quais garous você conheceu antes, monsieur, mas eu prefiro evitar criar inimigos desnecessários; a Nação Garou já tem oposição suficiente sem alguém acrescentar mais...

O desconfiado Laforge relutou o que pôde em dar seu endereço a Alain, mas, ao fim, este conseguiu levá-lo a sua residência. Era um apartamento bem localizado e confortável, seguramente fruto dos pagamentos generosos de Ameline.

Alaín prometeu manter contato e enviar Brian assim que possível, de modo discreto e tranquilo.

Anton escreveu:— Alain eu sinto muito não ter podido acompanhar mais de perto sua missão. Tudo o que fiz nos últimos dias foi estar no hospital com Alexey, infiltrando theurges, pois a medicina humana já não podia fazer nada por ele, e protegendo o Véu. Felizmente meu irmão está fora de risco e conseguimos encobrir a morte dos jovens. Victória cuidou disso e do rapto de Tatiana, mas ela estava buscando entre os inimigos da matilha fianna, que eram muitos, e os dançarinos da espiral negra e não pensou nos ratkins. Agora, com o que você me contou, tudo faz sentido. Mas eu liguei para dizer que não me importa a responsabilidade que você possa ter tido nessa história: sangue presas de prata, sangue Volkov foi derramado. Isso é inaceitável! Respeito o acordo que você fez, mas saiba que esses ratos estão entalados na minha garganta. Conte comigo se um dia voltarem a te ameaçar.


D'Órleans entendia plenamente a fúria de Anton e compartilhava dela, por isso sentia-se à vontade para falar francamente com o ancião:

- Eu dei diversos avisos a Tatyana sobre a matilha fianna, mas as ações deles os levaram para esse desfecho. Dado o que Victoria me contou sobre eles, não acho que a perda tenha sido muito grande, pareciam garous pouco dignos na melhor das hipóteses. Jà Alexey, um parente Volkov valoroso que cumpria seus deveres com a tribo diligentemente... eu também não recebi bem o ataque a ele. Apesar do meu acordo com Defarge, creio ser questão de tempo até que Alamande descubra o que houve e tente outra vingança; nesse dia, eu retaliarei inclemente e sem misericórdia, e terei prazer de dar a você seu quinhão de vingança.

Ameline escreveu:Alain tinha acabado de comprar a passagem quando ligaram da recepção do hotel. Ameline em pessoa pedia para vê-lo.

Ela deu um sorriso quando Alain abriu a porta. Estava vestida com simplicidade: calça branca justa, camiseta clara sem sutiã, quase nenhum adorno e um batom clarinho, que pouco fazia além de realçar seus lábios macios. Não usava perfume, cheirava apenas a ela. E estava estupenda. Como da outra vez, toda sua atitude indicava o que viera buscar ali. De novo, o lobo de Alain rugiu sob a pele.

Por isso foi tão surpreendente quando Ameline simplesmente sentou-se na borda de um sofá e perguntou:

— E então, lobisomem. Vai ou não vai me contar toda a história?

Alaín sorriu, relaxado.

"Gaia, como é possível não se apaixonar por uma mulher assim?"

Mas D'Órleans não tinha descuidado de seus arredores. Estendeu a mão para Ameline e disse, puxando-a com delicadeza:

- Eu prometi e cumprirei, senhorita Oberhaulzer. Mas essa história é apenas para seus ouvidos. Venha comigo ao meu quarto, vamos conversar com privacidade.

Alaín escoltaria Ameline andando bem perto dela, de braços dados, olhando cautelosamente os arredores para ter certeza de que quaisquer olhares curiosos seriam bloqueados e devidamente isolados.

No quarto, Alaín instalaria Ameline na melhor poltrona, oferecendo vinho e canapés, antes de começar a falar:

- O meu povo entende que o espírito de toda a existência, Gaia, a Mãe Terra, deu origem à todas as coisas através de três forças universais fundamentais: Wyld, a criação prolífica e caótica, Weaver, a tecedora de formas e padrões, e Wyrm, a destruição equilibrada e finalizadora dos ciclos. Essas forças se desequilibraram, e a Wyrm tornou-se corrompida, ameaçando toda a criação de Gaia. Para se defender, Gaia gerou seres que combinavam seus filhos mais puros com seus filhos mais hábeis, os humanos. Assim surgiram os metamorfos, seres meio humanos, meio animais. O meu povo, os lobisomens, fomos designados guerreiros de Gaia, e nos chamamos de Garous.

Alaín ilustraria a história mudando para a forma de lobo, antes de retornar à forma humana e continuar a falar:

- Durante milênios, meu povo manteve humanos e metamorfos na linha, mas em algum ponto da História, nós falhamos. Os humanos  se multiplicaram além da conta, e os metamorfos minguaram, alguns extintos, outros obrigados a se esconder dos Garous para não serem exterminados. Nós ainda lutamos por Gaia, mas nossas batalhas nos aproximam cada vez mais do Apocalipse, uma guerra total contra a Wyrm e seus servos.

Alaín colocaria-se com o rosto muito perto de Ameline, olhando-a profundamente nos olhos, e diria com seriedade:

- Mel, o que estou para lhe contar vai te colocar numa posição sem volta. Saber disso criará uma responsabilidade, e meu povo a verá ou como uma aliada em potencial ou uma ameaça a ser neutralizada. Tem certeza que quer saber de tudo?

Mas antes que ela respondesse, Alaín já sabia a resposta. Ameline Oberhaulzer não era covarde.

Ele continuaria após ela:

- Nós garous vivemos em vários lugares do mundo, e em cada lugar eles se organizaram em tribos, cada qual com suas características e culturas próprias. Minha própria tribo, os Presas de Prata, descendentes do lobo alfa original, viemos da Rússia e sempre fomos reconhecidos como reis dos garous. Nossos parentes, os humanos com quem reproduzimos, sempre foram a elite da nobreza, preservando linhagens ancestrais e criando novas dinastias. Como pode ver, eu nunca lhe menti sobre quem eu era e porquê vim até você... só não contava me apaixonar tão rapidamente por você...

Alaín contaria a Ameline tudo que ela quisesse saber, explicando tudo como apenas um professor phillodox poderia fazer, deixando que ela imergisse na cultura garou. Mostraria-lhe a grã-klaive, Estrela Cadente, um pingente em seu pescoço que se expandia numa espada enorme de imponente lâmina larga.

Se Ameline quisesse (e ele tinha quase certeza de que a curiosidade sagaz dela exigiria isso), ele concordaria em lhe mostrar a forma Crinos, sob condições controladas: amarrada à cama e amordaçada, para evitar reações violentas ou perigosas de Delírio. Apenas os Parentes poderiam encarar a forma Crinos sem sucumbir ao Delírio, e Alaín tinha quase certeza que Ameline não era uma parente... ainda.

O que aconteceria nos dois dias seguintes dependeria exclusivamente da vontade de Ameline, mas Alaín não adiaria sua partida. apenas aproveitaria ao máximo cada momento.
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Mensagem por Lua Qua Mar 20, 2019 10:17 pm

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Mensagem por Alexyus Sáb Mar 23, 2019 11:51 am

MÔNACO

Ameline escreveu:Ameline desviou o olhar de imediato.

Era o sinal para Alain de que não era correspondido. Ao menos não da mesma maneira. Ou naquele momento.

Alaín escolhia as palavras cuidadosamente e observava com atenção o efeito delas. Aquele pequeno gesto de Ameline indicou-lhe o caminho a seguir.

"Ameline Oberhaulzer é uma mulher poderosa e independente. A perspectiva de ligar-se a um recém-conhecido de modo tão profundo quanto uma parente não deve atraí-la tão fortemente. É melhor garanti-la como aliada do que forçar algo que pode dar errado..."

Triunfo-de-Gaia era um phillodox da Casa do Sol, mais ligado aos aspectos práticos da Nação Garou do que em seu lado místico. Ele respondeu tudo que Ameline perguntou sobre cosmologia, dando respostas simples e corretas sem os muitos detalhes que um theurge poderia acrescentar. Teria de ser o bastante.

Durante a conversa daquela tarde e os dois dias de cruzeiro na companhia dela, Alaín advertiria repetidamente Ameline sobre o Véu e a importância da discrição sobre o que ela estava aprendendo. Ele a avisou que pediria a Laforge para ficar de olho nela, servindo tanto como um confidente para assuntos garous quanto um vigia do segredo que eles compartilhavam. Sempre que necessário, ele recordaria Ameline sobre as terríveis ameaças que espreitavam dos abismos da Wyrm, e que nem todos os garous eram cavalheiros gentis como ele.

Ameline escreveu:— Au revoir monsieur loup-garou — sussurrou Ameline no ouvido de Alain, na hora do embarque. Beijou-o e então deu meia volta e partiu com passos firmes e elegantes, atraindo os olhares.


A despedida breve e decidida dela convenceu Alaín do perfil da jovem Oberhaulzer. Enquanto acomodava-se no avião para a longa viagem, os pensamentos de D'Órleans eram profundamente analíticos.

"Ameline Oberhaulzer é uma aliada e tanto. Rica, influente, inteligente, espiritualizada, e agora ciente de muitas coisas sobre a Nação Garou. Nós passamos momentos agradáveis juntos e ela pode ter se encantado comigo, mas talvez eu seja apenas mais um amante no rol de conquistas dela. Bem, se for assim, terá de bastar. Não sei se poderia seduzi-la o suficiente para que ela se envolva mais do que isso, e tentar isso me afastaria demais de meus outros interesses, no Brasil e no Canadá. Não, no momento, Mel está muito longe de ser mais do que uma boa aliada ocasional..."



BRASIL

Alaín sabia que Anton estava no Canadá, então não tinha motivos para ir à Fonte Fria imediatamente. Mas Maysa era uma prioridade, e ele preferia encontrá-la fora do caern.

Mesmo naquelas circunstâncias, a visão de Maysa aquecia o coração de Alaín, como se ele retornasse a um lugar que podia chamar de lar, sem se preocupar com perigos e tramas. Ele percebeu os pequenos gestos de atenção, como se ela o esperasse mesmo sem saber quando ele chegaria. Os trajes caseiros dela a faziam parecer mais humana e acessível, e os modos sempre educados dela, agora um pouco receosos, o deixavam mais confiante sobre como enfrentar o que viria a seguir.

Alaín Bourbon D'Órleans era um cavalheiro e sua etiqueta não era nada menos do que perfeita mesmo naquela situação tensa. Ele sentou-se com elegância, permitiu-se ser servido por aquele bolo de cenoura com cobertura de chocolate acompanhado de café (Alaín preferia chá, mas entendia que uma brasileira de ascendência árabe como Maysa preferisse café), e respondeu educadamente às tentativas de conversa dela antes de abordar o assunto que ambos sabiam ser o principal.

Maysa escreveu:— Melhor ir direto ao ponto, não é mesmo?

Apertou as mãos e concentrou seu olhar nelas, em vez de em Alain.

— O que a mensagem de Estevão sugeria... sim, ocorreu — confessou de uma vez.

A voz de Alaín foi macia, quase neutra, ao dizer calmamente:

- Muito bem. Explique.

Maysa escreveu:Mas eu não quero, Alain. Não suportaria mais ver a cara de Estevão. Apesar disso, vou escutar o que você pensa. Quero dizer... não sei se você ainda tem interesse na seita... ou em mim. Mas vou te escutar — murmurou.

Alaín escutou tudo com atenção, as mãos ora espalmadas à frente da boca, ora acariciando o queixo de modo pensativo. Ele sustentava o olhar de Maysa a todo momento, e deu-lhe tempo para falar sem ser interrompida. Ele não interferiu em nenhum momento da narrativa dela.

Quando ele falou, sua voz ainda era calma e profunda:

- Eu sei que os Dons de Gaia são presentes, verdadeiras dádivas que a Mãe nos concede. O meu preferido se chama Verdade de Gaia, e quando eu o uso, ninguém consegue mentir para mim sem eu saber. Mas não estou usando-o agora. Porque confio e acredito em você, May.

Os olhos dele vaguearam pela sala enquanto ele continuava:

- Essa missão não foi perfeita. E isso me incomoda. Muito. Mais do que você pode imaginar. Trocar mensagens pelo celular limita muito a percepção dos verdadeiros sentimentos dos outros. Você queria causar ciúmes e conseguiu. Eu tive de me concentrar muito para não comprometer minha demanda. Talvez eu tenha errado quando te contei tudo que faria, talvez para minha atuação ser perfeita, você não tenha de saber de tudo.

Ele voltou a encarar o belo rosto de Maysa Dibh quando falou:

- Sim, eu avisei você do perigo que corria ao lado de Estevão. Eu não sabia o que ele tentaria, mas tinha certeza de que tentaria algo. Você estava vulnerável e ele investiu de todas as formas que pôde. Minha rivalidade com ele não era pessoal... até agora.

As palavras de Alaín começaram a se acelerar enquanto ele explicava o seguinte:

- A seita de Fonte Fria está em perigo, May. Tudo que você me contou só me convence ainda mais disso. A Litania é uma lei ancestral e muitos a questionam, mas porquen não entendem. Cruzar com outro garou é proibido porque, quando a serviço de Gaia, nós temos de pensar no que é melhor para ela, seja em batalha, em missões, ou em nossa vida dentro da seita; se nos distrairmos olhando para os peitos, a bunda ou a cauda de nossas companheiras, ficaremos vulneráveis e cometeremos erros. Os impuros são um resultado colateral desse pecado contra a Mãe, e por mais que o filhote de Estevão seja adorável, a surdez é uma defeito grave, e ele tem sorte de não ter defeitos ainda mais graves, maldições que poderiam arriscar a própria sobreviência dele. Alguns defendem usar os impuros como guerreiros e Gaia, e eu creio que eles merecem a chance de redimir o pecado dos pais, mas qualquer pai que coloque seus desejos sexuais egoístas e momentâneos à frente da ameaça que pode lançar sobre seus filhotes... eu questionaria o amor que esse garou tem por seus filhotes e por Gaia.

- Para além do lado familiar, uma seita que tolera abertamente esse tipo de infrações da Litania está pouco a pouco cedendo à Wyrm. Eu acho ótimo que Fonte Fria tenha laços com outros metamorfos, eles podem ser aliados valiosos, mas os garous não podem se esquecer de que são garous. A obediência à Litania é o que torna uma seita respeitável perante a Nação Garou. A desobediência à ela pode atrair a ira da Nação, e já ocorreram muitas vezes em nossa história casos em que uma seita é embargada, tomada, invadida e até destruída, por ter sido julgada corrompida pelo resto da Nação. É isso que eu quero evitar aqui.


Um tom mais pessoal envolveu a voz de Alaín quando ele continuou:

- Quando um garou chega a uma seita que não é a sua, ele tem duas alternativas. Ou ele abaixa a cabeça, obedece aos anciãos, geralmente cumprindo uma demanda, ganhando seu renome e indo embora, ou ele entra no jogo da seita, aprende quem são os jogadores e acha seu lugar no tabuleiro. Eu sou um phillodox presa de prata, sou a nata que ascende ao topo, sempre. Não me contento em ser um mero soldado; eu fui isso na guerra da Ásia Central e me vi impotente diante de líderes nos conduzindo a situações desastrosas. Não mais. Eu sou um juiz dos garous, guardião das tradições de Gaia, membro da tribo alfa. Meu papel é garantir que a Nação Garou aja perfeitamente, e não tolero nenhum desvio.

Alaín suspirou, diminuindo a ênfase em sua voz e tornando-se mais frio e analítico, ao raciocinar com Maysa:

- Quando eu te pedi para ficar em Fonte Fria, eram essas as informações que eu queria que você obtivesse para me ajudar a salvar a seita. Entre os anciãos, Laura hesita em interferir, é um elemento quase neutro. Anton é minha maior esperança. Se eu puder convencer Julian de que não sou contra suas negociações com os outros metamorfos, o conselho de anciãos tenderá a concordar comigo. Não conheço muito Íria, mas é justamente de ortodoxia que eu preciso, e ela pode ser uma aliada inestimável. Agnella não precisa me ver como ameaça, eu não pertenço à essa seita, e vou explicar a ela que não cobiço a posição dela. Quanto à Felipe, ele me deve muito mais que amizade, e eu não hesitarei em cobrar na hora certa. E Estevão... ele representa tudo que eu considero errado na Nação Garou, e mesmo que ele não cometa mais nenhum erro pelo qual eu possa levá-lo à julgamento perante os anciãos, chegará o dia em que eu o desafiarei a um combate mortal e terei a cabeça decepada dele em minhas mãos! Por que ele fez a única coisa que eu jamais perdoarei: tentou me separar de você!

A Fúria determinada queimava nos olhos de Alaín e ele se calou até que a chama da energia lunar amainasse de novo.

Maysa escreveu:Maysa pensou por largos minutos. Então perguntou de uma vez:

— Você seria capaz de me perdoar, Alain? De tentar apagar tudo o que nos aconteceu nos últimos dias e começar de novo, do zero? Sem a mulher da missão, sem Tatiana. Só nos dois. Porque.... porque eu ainda te amo.

Alaín tomou as mãos de Maysa nas suas e olhou-a profundamente nos olhos:

- Não existe zero, Maysa. Tudo que nós vivemos até agora ou nos separa ou nos faz mais fortes. Se você nunca se perguntou porque eu, um garou canadense, tenho tanta interesse nessa seita e nesse caern, quando tantas coisas erradas aconteceram, quando minha irmã foi ferida, quando você foi ameaçada e magoada aqui, saiba a razão: foi aqui que eu encontrei você. Tatyana Tvarivich pode ser geneticamente perfeita, Ameline Oberhaulzer pode ser uma mulher rica e poderosa, mas eu não fiz promessas de amor a nenhuma delas. Só a você, Maysa Dibh. Nenhuma delas é como você, nenhuma delas tem as qualidades para uma parceira que eu possa chamar um dia de esposa.

Alaín beijou ternamente Maysa, sentindo no coração o perdão que declarava. Sentou-se ao lado dela no sofá, abraçou-a e confortou-a, acariciando aqueles cabelos brilhantes e aspirando o perfume dela. Deixou que ela se acalmasse até poder começar a elaborar seus planos.

- May, você não vai voltar ao haras. Não é necessário e eu não te forçaria a algo tão doloroso. Amanhã, vamos pro Canadá. Você precisa conhecer todas as facetas da minha vida, minha casa, minha seita, minha família... Fazer parte da minha vida. Quero que você participe das minhas decisões e se envolva no que é importante pra mim... Preciso que você me ajude a resolver o que fazer com Tatyana; ela é rebelde e desobediente, e você vai perceber que ela é muito mais uma adolescente infantilizada do que uma mulher que possa te ameaçar. Eu prometi protegê-la, e ela ainda pode gerar filhotes presas de prata, mas jamais servirá para ser minha esposa. Minhas irmãs não podem ficar responsáveis por ela, e eu não confio em dá-la à custódia de nenhum presa de prata. Mas você tem a minha palavra de que não há nenhum envolvimento romântico com ela, e a sua presença diante dela vai deixar isso bem claro.

- No Canadá, vamos encontrar Anton e prestar nossos respeitos ao irmão dele, que sofreu muito por ações pelos quais eu sou responsável. Vou esclarecer meus planos para Anton e fortalecer a aliança com ele. Daqui pra frente, não vou mais disfarçar minhas reais intenções sobre Fonte Fria.

- Quando Anton estiver pronto para voltar ao Brasil, você e eu também voltaremos. Eu vou comprar aquelas terras de quaisquer formas que eu puder, e elas estarão no seu nome. Você estará à frente do projeto de ecoturismo de Pedra Lisa, criando fontes de renda para a cidade e povoando o entorno com instalações onde nossos parentes podem salvaguardar o caern e limitar o avanço de feras sobre a cidade. Podemos negociar com a prefeitura a realização de um festival de inverno e outros eventos semelhantes para atrair turistas. Em algum lugar mais afastado do caern, podemos construir um grande parque temático, você pode chamá-lo de LobiHari, PlayGarou, Maysaland ou qualquer coisa que quiser, mas isso com certeza atrairá turistas e dinheiro, e vai dar uma boa cobertura para as atividades da seita. Seria bom também que você se envolvesse na política da cidade. Quero que você se torne a princesa de Pedra Lisa, uma pessoa tão importante, poderosa e influente, que a seita não poderá ignorá-la de forma nenhuma. Se conseguirmos suplantar a dependência econômica da seita de Estevão, vamos derrotar aquele maldito charach de todas as formas possíveis antes de eu finalmente decapitá-lo.


Falando diretamente com ela num tom muito sério, mas sedutor, Alaín faria a pergunta definitiva à Maysa:

- Está pronta para conquistar tudo isso ao meu lado?

***

Ao embarcar para o Canadá, Alaín iria primeiro ao encontro de Tatyana. Precisava checar como ela estava depois de ter sobrevivido aos espirais negras e aos ratkins. Ela era sua responsabilidade, e educá-la quanto ao mundo ocidental era tarefa dele, e ele não estava fazendo isso com perfeição.

Só depois de checar Tatyana, Alaín iria encontrar Anton e seu irmão. Exporia ao ancião suas intenções, sem pedir permissão, apenas deixando claro que ele iria agir, e que era do interesse de Anton colaborar com ele.

Com Maysa o acompanhando, ele mostraria a ela todas as suas propriedades, apresentaria-a formalmente a seu irmão, procuraria Victória Corte Real para conhecer sua prometida, pediria às gêmeas para ajudar Maysa a se acostumar com o Canadá antes de finalmente retornarem ao Brasil, onde enfim se tornaria Adren.
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Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge - Página 4 Empty Re: Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge

Mensagem por Lua Seg Mar 25, 2019 11:44 pm

Se conseguirmos suplantar a dependência econômica da seita de Estevão, vamos derrotar aquele maldito charach de todas as formas possíveis antes de eu finalmente decapitá-lo.

Falando diretamente com ela num tom muito sério, mas sedutor, Alaín faria a pergunta definitiva à Maysa:

- Está pronta para conquistar tudo isso ao meu lado?


Maysa mostrou-se reticente. Ao fim de uns segundos, falou:

— Sim, Alain. Com relação a todo o demais, sim! Mas quanto a decapitar... Estevão pode ser o desgraçado que for, mas ele é bom pai para o Liam. Eu não sei se eu quero um dia me encontrar com o Liam e pensar que, por um erro que também foi meu, ele ficou completamente órfão. Não quero ser essa parente...

***


Ao embarcar para o Canadá, Alaín iria primeiro ao encontro de Tatyana. Precisava checar como ela estava depois de ter sobrevivido aos espirais negras e aos ratkins. Ela era sua responsabilidade, e educá-la quanto ao mundo ocidental era tarefa dele, e ele não estava fazendo isso com perfeição.


Alain encontrou Tatiana na calçada do edifício, voltando de um passeio. Tinha os cabelos bagunçados pelo vento e não fizera nenhuma tentativa de ocultar os hematomas causados pelos ratkins. Alain percebeu que aquela doidinha tinha tanto orgulho das marcas quanto um garou teria de suas cicatrizes de batalha.

Spoiler:

— Quase consegui escapar! — contou ela enquanto subiam de elevador. Falava em russo, a língua mãe, que adotava sempre que precisa expressar-se melhor — Aprendi mais ou menos como funciona a cabeça dos ratos e fiz com que me subestimassem. Aí, por pouco, pouquinho não consegui fugir! Acho que isso irritou-os...

Apontou para o próprio rosto.

Alain quase podia ver a legião de heróis desconhecidos, desfilando nas veias de Tatiana. Aquela coragem insana e um coração incorruptível, capaz de enfrentar os mais repulsivos seres sem se contaminar ou decair.

Mas a expressão da moça mudou para triste.

— Me disseram que o preço do meu resgate foi um fetiche. Eu sinto tanto, Alain. Ainda há alguma maneira de recuperá-lo? P-posso ajudar de algum modo?

Tatiana exultou quando soube que Alain não havia perdido o fetiche. Havia admiração em seus olhos. Em sua empolgação, ela chegou a abrir a boca para pedir algo, mas calou-se. Alain intuiu que era para ver a klaive, mas que ela recuou por vergonha.  

Já estavam no hall do andar e Tatiana ainda mostrava pesar.

— Por favor me perdoe, Alain. — disse em voz baixa — Eu me portei tão mal… Depois de crescer em Vaki, de estar tanto tempo prisioneira, acho que eu quis viver e aprender tudo de uma vez. Achei que aqui era mais seguro... E a matilha morreu por minha causa. Você podia ter perdido sua klaive e eu minha vida. Estou muito arrependida e a partir de agora prometo que vou te obedecer em tudo.

Dizia com uma sinceridade e candor irresistíveis. Era como um diamante a lapidar.


Só depois de checar Tatyana, Alaín iria encontrar Anton e seu irmão.


Quando soube que Alain ia ver Alexey, Tatiana pediu para ir com ele.

No hospital souberam que Alexey já estava em um quarto normal, ainda que cercado de aparelhos. Seu aspecto era desolador. Tinha a cabeça raspada e coberta por um grande curativo, que escondia os ferimentos e a sutura da cirurgia que, para todos os efeitos, tinha salvado sua vida. Estava magro, muito abatido e todos suas reações eram lentas.

A seu lado, Anton lembrava uma fera enjaulada. Embora tivesse só treze anos a mais do que o irmão, Anton o tratava como um filho. Verificava seu estado, mantinha-o cômodo. Mas, debaixo dessa capa de ternura, Alain podia sentir o lobo atacado, com ganas de vingar-se.

Ao ver Tatiana, Alexey sobressaltou-se e fez um esforço em murmurar:

— Desculpa.

Tatiana imediatamente aproximou-se e tomou suas mãos, emocionada. Pediu que ele, sim, que a perdosse, porque ela havia desconsiderado todas as suas advertências e cuidados.

Em seguida voltou-se para Anton e desculpou-se com ele também. Demonstrava tanto pesar, doçura e sumissão, que Alain chegou a ouvir as gotas do coração de Anton derretendo. Ele sorriu e, dando leves tapinhas na bochecha de Tatiana, como se ela tivesse cinco anos, disse um “está tudo bem” cheio de bondade.

Foi uma cena terna, mas o philodox não deixou de registrar a capacidade de Tatiana em abrandar feras.


Vou esclarecer meus planos para Anton e fortalecer a aliança com ele.


Anton ainda tinha que enfrentar uma pequena burocracia para tirar Alexey do hospital, de modo que preferiu marcar um encontro com Alain para dali a alguns dias. Foi bom porque Alain pôde dedicar-se a Maysa.


Com Maysa o acompanhando, ele mostraria a ela todas as suas propriedades, apresentaria-a formalmente a seu irmão, procuraria Victória Corte Real para conhecer sua prometida, pediria às gêmeas para ajudar Maysa a se acostumar com o Canadá antes de finalmente retornarem ao Brasil, onde enfim se tornaria Adren.


Tudo correu bem, com Maysa demostrando-se uma perfeita dama com Abel e Victória. Parecia nascida para a vida em sociedade e até arrancou sorrisos do taciturno Abel.

Tatiana passava horas com Starik.

As gêmeas foram inestimáveis para mostrar o Canadá para Maysa. Também se esforçaram para acomodar sua presença à de Tatiana. Todas se esforçavam muito para dar-se bem, mas nos momentos em que estavam distraídas, era possível ver seu desconforto.

Spoiler:

***

No dia marcado, Alain chegou ao restaurante escolhido por Anton, um lugar tradicional e elegante, longe da agitação dos lugares da moda.

O maitre levou-o até um ambiente reservado, onde Anton já o estava esperando.

— É seguro conversar aqui — disse quando ficaram a sós, examinando o menu.


Exporia ao ancião suas intenções, sem pedir permissão, apenas deixando claro que ele iria agir, e que era do interesse de Anton colaborar com ele.


Alain era um philodox experiente, mas não estava imune ao erro crasso de meter-se nos assuntos de um ancião sem pedir permissão. Em algumas seitas, seria um erro fatal, mas os líderes de Fonte Fria eram garous calejados no trato com filhotes impertinentes. Anton reagiu com a tranquilidade de um leão que permite à cria morder sua cauda. Apenas seus olhos foram se estreitando enquanto Alain falava. Escutou com paciência e então disse:

— Alain, eu agradeço imensamente seu desejo de investir em Pedra Lisa, mas as coisas mudaram um pouco desde nossa conversa há alguns dias. Parece que você agora é membro da seita Última Chance, correto? Parabéns.

Anton sorriu.

— Essa é a primeira razão pela qual eu acho inapropriado você investir em Pedra Lisa ou na seita. Sua vida está aqui no Canadá, é onde deve concentrar seus recursos. Se pretende investir no Brasil, estou seguro de que pode encontrar um lugar adequado, talvez junto a família de Maysa em São Paulo.

Ponderou um pouco e completou:

— Não vejo razão para um garou de outra seita ter propriedades e bens em nosso território.

Aquela frase deu o tom da conversa. Mas Alain sabia que Anton ainda não chegara ao ponto. O ancião contemplou-o com uma expressão benigna e firme, e prosseguiu.

— É claro que você será sempre mais que bem-vindo no caern e que meu compromisso de te ajudar em caso de ataques dos ratkins está de pé. Também quero vingança. Mas eu estou começando a dar razão a Julián quando diz que não é favorável ter mais presas de prata na seita. Essa situação com os ratkins aqui é um desastre. Parece que os presas canadenses criaram um belo problema sem nenhum ganho para Gaia. Bem, mas essa é outra história. Como dizia, você é muito bem-vindo e espero que sigamos colaborando juntos em missões. Apenas sem parques temáticos e outras coisas do gênero em Pedra Lisa, está bem?

Sorriu. Mas ali estava o velho lobo, sob a pele, se impondo.

— Diante disso, acho que também ficam sem sentido seus planos para ascensão política e social de Maysa na cidade. Essa é uma péssima idéia, Alain! Pedra Lisa é um emaranhado de parentes garous e pumonca. Metê-la nisso seria arriscado para ela e só geraria tensões, sem trazer benefício algum para seita. E também traria problemas entre os lobisomens...

Anton suspirou e mediu as palavras

—Estou a par do que aconteceu… Depois disso, meu querido, você acha sensato manter Estevão e Maysa na mesma cidade? Imagine o que aconteceria a cada visita sua: relembrança, desconfiança, ciúme, disputa… Nos arriscaríamos a mais derramamento de sangue e eu já estou farto de ver garous morrendo à toa. Nesses casos, o melhor sempre é afastar o ou a parente e é o que eu estou fazendo. Felipe já aceitou a demissão de Maysa. Ela não regressará a Pedra Lisa e vocês poderão recomeçar em qualquer lugar, longe das más lembranças.

Essa é uma ordem. E enfim chegamos ao ponto mais duro dessa conversa, que é essa sua "preocupação" com Fonte Fria e a Litania. Ou com o fato de Estevão ser um charach.


Anton olhou Alain nos olhos, profundamente.

— Devo recordar-lhe que respeitar o território do próximo e submeter-se aos garous de posto mais elevado também são princípios da Litania e de igual importância. E não me venha com retórica, você sabe do que estou falando. O caso de Estevão JÁ foi julgado. Por um conselho em que, além de outros, estávamos EU e um ancião philodox. Deliberamos que a sentença não era de morte. E ponto! Você respeite. Se não gosta de Estevão ou da resolução tomada, isso não tem a menor relevância. Você não precisa conviver com ele. Não é sua seita e não precisamos dar explicações a um adren. Por Gaia, e você mencionou a Wyrm! Pois eu considero uma estupidez e um insulto você questionar nossas decisões e idoneidade por uma questão pessoal, que tem a ver com fidelidade de sua noiva. Isso não é estar a serviço de Gaia.

Anton se conteve e suavizou a voz:

— Alain, você é um garou honrado e tenho fé que não andou por aí difamando minha seita. Mas se o fizer, saiba que Fonte Fria não tem nada a esconder e está mais do que claro que a sua motivação é emocional. Você vai cair em ridículo. Entendeu?
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Mensagem por Alexyus Dom Mar 31, 2019 6:51 pm

MAYSA

Maysa escreveu:Maysa mostrou-se reticente. Ao fim de uns segundos, falou:

— Sim, Alain. Com relação a todo o demais, sim! Mas quanto a decapitar... Estevão pode ser o desgraçado que for, mas ele é bom pai para o Liam. Eu não sei se eu quero um dia me encontrar com o Liam e pensar que, por um erro que também foi meu, ele ficou completamente órfão. Não quero ser essa parente...

Alaín escutou em silêncio e assim ficou durante um bom tempo. Sentia apenas a maciez e o perfume dos cabelos dela, o calor do corpo dela junto ao dele, a respiração ressonante dela.

Quando finalmente sentiu necessidade de falar, sua voz saiu suave, ponderada:

- Você não sabe se Estevão é um bom pai. Tudo que sabe é o que ele te conta. Liam já custou a inimizade de uma seita fianna na Irlanda. Eu sou a favor dos impuros viverem, já quanto a seus pais não estou tão certo. A verdadeira família de um lobisomem nem sempre são seus progenitores, muitas vezes é preciso encontrá-la em sua matilha, sua seita ou sua tribo. Liam não ficará desamparado se estevão morrer. Mas vamos aguardar para ver como as coisas se desenrolarão...


TATYANA

Alaín encontrou Tatyana antes do que imaginava, quando ele e Maysa ainda chegavam do aeroporto. O presa de prata fez as apresentações de uma à outra, aproveitando para estudar o rosto de sua parente sem que ela percebesse. As marcas podiam ser impressionantes, mas arruinavam aquele rosto perfeito, e pareciam doer mais em Alaín do que na própria Tânia.

Tatyana escreveu:— Quase consegui escapar! — contou ela enquanto subiam de elevador. Falava em russo, a língua mãe, que adotava sempre que precisa expressar-se melhor — Aprendi mais ou menos como funciona a cabeça dos ratos e fiz com que me subestimassem. Aí, por pouco, pouquinho não consegui fugir! Acho que isso irritou-os...

Apontou para o próprio rosto.

Alaín traduzia a conversa do russo para Maysa enquanto Tatyana falava.

As qualidades de Tatyana ficavam muito evidentes, mas a preocupação dele só fazia aumentar a cada palavra.

"Coragem e coração nunca foram qualidades que faltaram aos presas de prata, mas bom senso, ah, o velho bom senso nunca foi exatamente uma prerrogativa nossa. E Tatyana é exatamente como nós, uma típica presa de prata..."

Tatyana escreveu:— Me disseram que o preço do meu resgate foi um fetiche. Eu sinto tanto, Alain. Ainda há alguma maneira de recuperá-lo? P-posso ajudar de algum modo?

Alaín apontou para o pingente que trazia ao pescoço.

- Ninguém me chantageia assim! Garanti sua libertação, mas a grã-klaive Estrela Cadente é minha por direito. Eu não ia voltar sem ela.

Triunfo-de-Gaia percebeu a animação e o que Tatyana estivera a ponto de dizer. Ele apontou para a câmera do elevador e disse:

- Mais tarde eu lhe mostrarei, quando estivermos em casa.

D'Órleans confiava em sua equipe de segurança, mas não pretendia arriscar danos ao Véu.

Tatyana escreveu:— Por favor me perdoe, Alain. — disse em voz baixa — Eu me portei tão mal… Depois de crescer em Vaki, de estar tanto tempo prisioneira, acho que eu quis viver e aprender tudo de uma vez. Achei que aqui era mais seguro... E a matilha morreu por minha causa. Você podia ter perdido sua klaive e eu minha vida. Estou muito arrependida e a partir de agora prometo que vou te obedecer em tudo.

Dessa vez, Alaín tentou confortar a Lunisvet:

- A matilha morreu por seus próprios erros; garous não podem estar tão indefesos a ponto de serem vencidos por ratkins. O fetiche estava perdido há pelo menos uma geração; eu o encontraria de qualquer jeito, mesmo que não fosse agora. Sua vida, Tânia, foi a única coisa que realmente esteve em perigo esse tempo todo. Aqui não é Vaki, o perigo se esconde fora da vista, mas continua ao nosso redor. Eu vou tentar te orientar melhor daqui pra frente, mas preciso que você confie em mim e me obedeça quando eu falar. Só assim posso continuar protegendo sua vida.

A visita ao hospital revelou a Alaín um lado surpreendente de Tatyana Lunisvet, que ela era capaz de lidar com garouscom tato e habilidade. Foi a primeira vez que ele viu uma qualidade dela além de seu potencial genético.

Anton queria conversar fora do hospital dali a alguns dias, então Alaín teve tempo para ambientar Maysa no Canadá e apresentá-la a pessoas importantes no cenário canadense, como Victoria e Abel. Embora Maysa fosse sua prometida e ocupasse muito do tempo dele, Alaín ainda procurava dar atenção à Tânia. Sabia que ela precisava muito naquele momento.


ANTON

O ancião Anton marcara a conversa com Alaín num restaurante discreto, bem diferente do El Lobo de Plata que era a sede de Victoria Corte Real.

"Escolha interessante. O que quer que Anton queira me dizer, não quer a interferência de Victoria. Bem, eu respeito os anciões, mas não tenho medo deles. Vamos ver se ele será um aliado ou um inimigo..."

Triunfo-de-Gaia sentou-se à mesa com Anton e deixou que ele falasse O jantar transcorria enquanto Triunfo-de-Gaia apenas ouvia, saboreando a comida e refletindo sobre as palavras do ancião. Sua postura era atenta e respeitosa, mas mostrando que ele não estava intimidado.

Quando já estavam na sobremesa, Triunfo-de-Gaia se propôs a responder:

- Em primeiro lugar, meu caríssimo Anton, eu tenho o maior respeito e estima pela seita de Fonte Fria. Você e Julian sempre me receberam bem. O mesmo não se pode falar sobre o resto dos membros de lá. Eu percebi há muito que, como presa de prata e philodox rigoroso, eu não seria bem-vindo para me juntar à seita. Foi por isso que, quando Victoria Corte Real me pressionou a escolher uma seita, eu aceitei integrar a Seita do Grande Urso Pardo.

O olhar de Alaín era duro ao mostrar a Anton que eles jamais fizeram o convite que Victoria fizera.

- Isso dito, como presa de prata, você entende perfeitamente que nossos negócios não estão circunscritos a nenhuma parte da Terra. Nós somos reis sobre todos os territórios da Nação Garou, controlamos mais caerns do que podemos defender apropriadamente, e por isso nossa influência transcende fronteiras. Você tem ascendência na Ásia Central e no Canadá, mesmo sendo ancião em Fonte Fria. Meus negócios já me levaram ao Oriente próximo, à Europa e ao Brasil; em todos eles, eu criei bases sólidas de poder para a tribo e para a Nação.

Alaín comentava aquilo como se fosse corriqueiro e natural, algo inevitável. Mas sua voz encheu-se de autoridade ao prosseguir:

- Você não é um phillodox, Anton-rhya, mas eu espero que não queira discutir a Litania comigo. Há dois mandamentos que se sobrepõem a quaisquer outros: Não profanarás um caern e Combaterás a Wyrm onde quer que ela esteja e sempre que proliferar. O primeiro é usado para convocar garous para "defender" seitas que não podem resolver seus próprios problemas sozinhas (arrisco a dizer que todas as seitas se encaixam nessa descrição), o segundo é usado para justificar quase tudo, inclusive ação no território de outros. Falando objetivamente, sua seita pôde usar esse mandamento para convocar toda a ajuda que precisou recentemente, fosse para desvendar o assassinato de Cristiano, apoiar o esforço de guerra na Ásia Central ou investigar o Caern USP. Vocês agiram corretamente, mas outros garous podem usar o mesmo mandamento para mexer com vocês, e isso é perigoso, Anton! Existem coisas que não podem ser abafadas por postos superiores, porque anciãos de outras seitas podem discordar de você. Como membro da seita do Urso Pardo, eu me reporto aos meus próprios anciãos, e eles não estão ignorantes sobre o que acontece no Brasil e na sua seita...

Alaín novamente suavizou seu tom, evitando ser antagônico em demasia:

- Maysa esteve em Fonte Fria porque eu queria informações de dentro da seita, informações não oficiais. Coisas que os anciãos costumam não ter ciência até que virem de fato um problema. Por exemplo, já ouviu alguma coisa sobre Marcela ser charach? Aposto que não! Estevão pode já ter sido julgado por aquela ofensa, mas não me parece nem arrependido nem contrito, o que indica que ele pode errar de novo em breve, o mesmo pecado contra Gaia. É melhor prevenir do que remediar, mas entendo seus dilemas.

Anton não era um phillodox, e Alaín não achava que galliards eram os melhores juízes, mesmo os anciãos.

- Eu lhe disse que nunca fui muito bem recebido pelo resto da seita. Estevão, particularmente, sempre me antagonizou, no início o que achei ser gratuito, mas essa contrariedade só cresceu. O avanço dele sobre Maysa foi um uso cruel de uma pessoa inocente e vulnerável, e eu poderia argumentar que os parentes também são territórios dos garous; mexer com a minha parente é desrespeitar o MEU território!

D'Órleans controlou-se por um momento e voltou a raciocinar:

- Talvez você ache que estou exagerando nessa interpretação da Litania; é uma opinião válida, o caso é interpretativo. Da mesma forma, Pedra Lisa também é um território interpretativo: o caern se circunscreve ao haras, sendo a cidade e as terras ao redor terrenos livres, onde a jurisdição dos garous nada significa. É um vácuo de poder, Anton! Se nós conseguirmos poder político na cidade, podemos evitar que vampiros, dançarinos, fomori e outros inimigos usem-no contra nós. Se controlarmos as terras ao redor, daremos boas vindas aos outros metamorfos ao NOSSO território, não a uma faixa de terreno não reclamada por ninguém. O que quero dizer é que Laura me deu uma missão, conseguir algo que nenhum de vocês conseguiu até agora, e você não pode cancelar a ordem dela. Eu vou comprar aquelas terras; mas aceito seu conselho como residente local e vou limitar os meus empreendimentos a compra e agricultura de substência, sem ecoturismo ou parques. Também não precisa se preocupar com Maysa, pois eu já a afastei de Fonte Fria; não pretendo ficar mais tempo longe dela, então vocês serão poupados da presença dela e ela das suas. Sobre as terras em minha posse, vocês podem considerar isso uma declaração de amizade ou um aviso de que a Nação Garou está de olho em vocês, como desejarem.

Alaín limpou a boca com o guardanapo após terminar a sobremesa e encarou Anton:

- A atitude de Estevão mostra que vocês não o controlam. Mesmo que minha motivação seja pessoal, ela não é emocional; eu estou pensando de modo bastante frio e racional. Ele tentou me atrapalhar deliberadamente nessa missão, ele mexeu com minha parente e me deu causa válida para desafiá-lo. A mestre do ritual em Fonte Fria ainda é Agnella? Creio que ela concordaria comigo em minha demanda. Por consideração a você, Julian e Laura, eu não o desafiarei na próxima assembleia, mas posso fazê-lo a qualquer tempo no futuro. E eu aconselharia vocês a terem cuidado ao alimentar escorpiões, isso não acaba bem.

Alaín fez questão de pagar a conta como um gesto de cortesia. Ao final da refeição, ele disse a Anton:

- Eu lhe sou muito grato pelo modo como me tratou até aqui. Não pretendo desafiar sua autoridade dentro da sua seita, então permita-me ajudá-lo antes que mais problemas venham bater à sua porta, meu querido Anton. eu confio no conselho de anciãos de Fonte Fria, então não me dêm motivos para duvidar. Quando estiver pronto para partir para o Brasil, eu e Maysa o acompanharemos. Ela precisa cuidar de sua mudança, e eu vou comparecer a sua assembleia pacífica e honradamente.
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Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge - Página 4 Empty Re: Triunfo de Gaia - Monsieur Laforge

Mensagem por Lua Seg Abr 01, 2019 7:47 am

- Em primeiro lugar, meu caríssimo Anton, eu tenho o maior respeito e estima pela seita de Fonte Fria. Você e Julian sempre me receberam bem. O mesmo não se pode falar sobre o resto dos membros de lá. Eu percebi há muito que, como presa de prata e philodox rigoroso, eu não seria bem-vindo para me juntar à seita. Foi por isso que, quando Victoria Corte Real me pressionou a escolher uma seita, eu aceitei integrar a Seita do Grande Urso Pardo.

O olhar de Alaín era duro ao mostrar a Anton que eles jamais fizeram o convite que Victoria fizera.



Anton demonstrou um certo constrangimento, como quem sabe que vai contar uma verdade incômoda.



- Isso dito, como presa de prata, você entende perfeitamente que nossos negócios não estão circunscritos a nenhuma parte da Terra. Nós somos reis sobre todos os territórios da Nação Garou, controlamos mais caerns do que podemos defender apropriadamente, e por isso nossa influência transcende fronteiras. Você tem ascendência na Ásia Central e no Canadá, mesmo sendo ancião em Fonte Fria. Meus negócios já me levaram ao Oriente próximo, à Europa e ao Brasil; em todos eles, eu criei bases sólidas de poder para a tribo e para a Nação.



Dessa vez Anton demonstrou um leve tédio. Com a mão fez um gesto de "prossiga, prossiga".



- Você não é um phillodox, Anton-rhya, mas eu espero que não queira discutir a Litania comigo.



Neste momento, Anton deu uma risada espontânea e gostosa como Alain nunca o tinha visto fazer. Depois balançou a cabeça, como quem não está acreditando em seus ouvidos.



Há dois mandamentos que se sobrepõem a quaisquer outros: Não profanarás um caern e Combaterás a Wyrm onde quer que ela esteja e sempre que proliferar. O primeiro é usado para convocar garous para "defender" seitas que não podem resolver seus próprios problemas sozinhas (arrisco a dizer que todas as seitas se encaixam nessa descrição), o segundo é usado para justificar quase tudo, inclusive ação no território de outros. Falando objetivamente, sua seita pôde usar esse mandamento para convocar toda a ajuda que precisou recentemente, fosse para desvendar o assassinato de Cristiano, apoiar o esforço de guerra na Ásia Central ou investigar o Caern USP. Vocês agiram corretamente, mas outros garous podem usar o mesmo mandamento para mexer com vocês, e isso é perigoso, Anton! Existem coisas que não podem ser abafadas por postos superiores, porque anciãos de outras seitas podem discordar de você. Como membro da seita do Urso Pardo, eu me reporto aos meus próprios anciãos, e eles não estão ignorantes sobre o que acontece no Brasil e na sua seita...


— Alain, eu já disse que não tenho porque temer suas ameaças — respondeu o ancião com firmeza.


- Maysa esteve em Fonte Fria porque eu queria informações de dentro da seita, informações não oficiais. Coisas que os anciãos costumam não ter ciência até que virem de fato um problema. Por exemplo, já ouviu alguma coisa sobre Marcela ser charach?


— Filho... não há nenhuma Marcela na seita.


- Talvez você ache que estou exagerando nessa interpretação da Litania; é uma opinião válida, o caso é interpretativo. Da mesma forma, Pedra Lisa também é um território interpretativo: ...


O constrangimento de Anton só aumentava; balançava-se na cadeira, incomodado com a cena surreal.


o caern se circunscreve ao haras


— O haras está fora das divisas do caern, Alain... acho que já lhe dissemos isso umas três vezes...


sendo a cidade e as terras ao redor terrenos livres, onde a jurisdição dos garous nada significa. É um vácuo de poder, Anton! Se nós conseguirmos poder político na cidade, podemos evitar que vampiros, dançarinos, fomori e outros inimigos usem-no contra nós. Se controlarmos as terras ao redor, daremos boas vindas aos outros metamorfos ao NOSSO território, não a uma faixa de terreno não reclamada por ninguém.


— Nós já temos poder político na cidade, Alain. Já é nosso território. E você não sabe nem onde é a padaria.

Anton balançava a cabeça para lá e para cá, sem acreditar.


O que quero dizer é que Laura me deu uma missão, conseguir algo que nenhum de vocês conseguiu até agora, e você não pode cancelar a ordem dela.


Nesse momento, Anton se recostou no espaldar da cadeira e cruzou os dedos atrás da nuca, como quem já não sabe o que fazer. Seu olhar era de comiseração.


Eu vou comprar aquelas terras; mas aceito seu conselho como residente local e vou limitar os meus empreendimentos a compra e agricultura de substência, sem ecoturismo ou parques. Também não precisa se preocupar com Maysa, pois eu já a afastei de Fonte Fria; não pretendo ficar mais tempo longe dela, então vocês serão poupados da presença dela e ela das suas. Sobre as terras em minha posse, vocês podem considerar isso uma declaração de amizade ou um aviso de que a Nação Garou está de olho em vocês, como desejarem.

Anton só balançava a cabeça, com o a dizer um "nããão..." de nada a ver.

— Alain.... filho... Você não é a Nação Garou.


Mesmo que minha motivação seja pessoal, ela não é emocional; eu estou pensando de modo bastante frio e racional


Dessa vez Anton voltou a rir.


A mestre do ritual em Fonte Fria ainda é Agnella?

— A mestre do ritual nunca foi Agnella, malchik. Era Estevão, depois passou a ser Íria. Você já esteve em algumas assembléias e rituais conosco, deveria saber...

O resto do que Alain falou, Anton ouviu com uma leve impaciência, como quem já está cansado de uma conversa que considera sem sentido.

Até Alain pagar a conta lhe pareceu estranho, já que Anton o havia convidado. Mas não se manifestou, provavelmente considerava que podia esperar qualquer coisa de Alain naquela estranha noite.

Quando o philodox sossegou, Antou deu um longo suspirou e falou:

— Alain eu acho que você já está suficientemente ferido e não queria ter de dizer tais coisas, mas não vejo outro jeito.
Eu estive conversando com a seita nos últimos dias. Lamento dizer, mas você não foi "rejeitado" por ser presa de prata ou um "philodox rigoroso" como pensa. O que o afastou da seita foi seu comportamento irreflexivo e arrogante. Quando te viram chegar, claramente sem nenhum conhecimento das áreas em que queria investir, e mesmo assim, antes de ouvir a opinião de ninguém, começou a despejar idéias grandiosas como se os mais experientes não soubessem administrar seus negócios, uma luz de alerta se acendeu na seita.

Laura é uma mulher velha e sábia, disse de uma vez que vocês não seriam bons sócios. Contou-me que alegou "motivos emocionais" porque te conhecia e sabia que qualquer outro motivo geraria uma conversa interminável, porque você não escuta para compreender e sim para rebater os argumentos. Devo dizer que é uma coisa preocupante para se ouvir de um philodox e, no entanto, se mostrou muito acertada.

Apesar dessa luz de alerta, Laura deu a sugestão para você comprar as terras vizinhas, o que ela acha necessário. Sugestão. Não foi uma "missão" ou uma "ordem" contra os outros membros do Conselho sobre "algo que ninguém conseguiu até agora". Onde você está com a cabeça?

Certamente há coisas em que divergimos e mudanças que podem ser feitas na seita. Mas são coisas que sempre pudemos fazer sozinhos. Nunca pedimos seu dinheiro e "orientação". Como você queria investir aqui, fomos legais e tentamos te integrar na seita, mas você não entendeu. Achou que um par de comentários eram um convite para sua interferência e, sem conhecer nada ou consultar alguém, foi construindo uma fábula escura em sua cabeça.

Felipe é quase um santo, mas Estevão, por não simpatizar com você, acabou percebendo melhor essa tendência. E, em tudo o que conversamos, você não fez mais do que confirmar suas suspeitas. De um modo extremamente arrogante, colocou toda essa paranóia que criou como se fosse realidade e passou a me insultar, a ameaçar e difamar. Bastava ter me PERGUNTADO o que era fato e o que não era. E agora me diz que vai se meter em Pedra Lisa, sem entender as forças que regem a cidade e sem meu consentimento?

Anton olhou para Alain como se ele estivesse vestindo uma camisa de força.

— Te digo uma coisa. Estevão reagiu com o estômago, de uma forma com a qual eu não concordo, mas, no fim da contas, tenho que agradecer a ele por ter criado a crise que nos mostrou como você é quando se desequilibra, ANTES de, eventualmente, o termos aceitado junto a nós. O que não vai ocorrer, obviamente. Por que você está muito, muito mal, filho.

Essas "informações" de Maysa... Você nem se deu ao trabalho de confirmar, não é mesmo? Nem com Aleksandr, que fosse. Desculpe a rudeza mas, com todo o respeito que eu tenho por Maysa, ela é uma parente que traiu um garou. Vai dizer o que for preciso para salvar o relacionamento e o pescoço. Até inventar uma Marcela. E você, apaixonado, fez das palavras delas uma verdade incontestável.

Diante disso, a decisão de afastá-la me parece ainda mais correta.

Mas tudo isso é muito preocupante. Você se informa pouco, não checa informações com quem é devido e sobre essa base frágil vai julgando os garous. Isso é o pior que pode passar a um philodox.

Klauss recém me mandou uma foto. Se não fosse só estender a conversa, eu lhe mostraria como terminou uma presa de prata philodox por acreditar nas falácias de heroísmo que ela mesma criou.


Anton engoliu em seco.

— Eu não sou seu inimigo. Você já tem suficientes. Não sei que... problema... te está levando a agir assim, se é obsessão, perfeccionismo, megalomania ou só uma arrogância imatura. Mas Fonte Fria e Pedra Lisa não podem pagar por isso, eu sinto muito. Cuide de sua saúde mental, malchik. Ou espiritual. Não é nenhuma vergonha para nós. Talvez te fizesse bem passar um tempo como lupino ou na umbra. Aprender a escutar sem falatórios, sem pré-juizos. Sem tanta vaidade. São coisas fundamentais para um bom juíz e eu não queria encerrar sua missão sem chamar sua atenção para isso, mesmo sabendo que você não vai concordar ou entender.

Anton levantou-se sem prestar atenção a um possível discurso de Alain. Parecia saturado dele. Ao fim, uma grande tristeza pareceu tomá-lo. Já cruzava o limiar da sala reservada quando, de repente, virou-se e falou:

— Eu sinto muito que um dos meus garous e uma parente que foi do meu rebanho o tenham ferido a esse ponto. Sei que não é o que você deseja, mas, por esse sofrimento, apresento minhas desculpas.

E se foi.

***

Na tarde seguinte, Alain recebeu uma mensagem de Victoria:

Triunfo de Gaia, lhe informo que sua cerimônia de subida de posto se dará em Grande Urso Pardo. Aviso também que toda a diplomacia com a seita Fonte Fria a partir de agora será feita entre anciões e que, portanto fica fora de suas atribuições. Recomendo um futuro ritual de Contrição mas, no momento, rogo apenas que não os incomode mais, sob pena de punição e perda de renome.
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Mensagem por Lua Qua Abr 03, 2019 12:36 pm

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Mensagem por Alexyus Dom Set 29, 2019 6:34 pm

Alaín deixou que Anton se fosse.

Após a saída dele, ainda ficou um longo tempo ponderando em tudo que tinha sido dito.

Avaliava não apenas suas próprias ações mas também as ideias do ancião sobre ele, sobre si e sobre sua própria seita.

Na tarde seguinte, ao receber a mensagem de Victoria, a manobra política de Anton ficou clara para ele.

Após uma noite digerindo a desforra do ancião, Alaín planejou seus próximos passos.

Começou por avisar Maysa Dibh de que ele encerraria seus negócios no Brasil e voltaria a basear suas operações no Canadá, entre Montreal e Vancouver. A seguir, usou seus contatos para marcar um encontro com o ancião Anton.

Off: Estou presumindo que ele teve tempo de aprender o Ritual de Contrição, talvez com o Aleksander.

Reunido com ele em São Paulo, Alaín foi breve e objetivo:

- Eu respeito sua manobra, Anton-rhya. Como já sabe, não falo mais em posição oficial. Discordo de suas opiniões e posições, mas reconheço sua posição hierarquica. Estou retirando meus ativos do Brasil e não interferirei mais pessoalmente em sua seita. Continuarei monitorando a situação a distância e no momento certo virei para desafiar Estevâo. Mas agora peço que me perdoe se ofendi-lhe de algum modo.

E seguindo a palavra com a ação, Alaín performou o Ritual de Contrição.

Mais tarde, quando partiu de volta ao Canadá, Alaín deixou para trás apenas seus aliados e contatos, com os quais manteria o relacionamento. Os assuntos pendentes seriam tratados institucionalmente em outra ocasião,
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Mensagem por Lua Sex Ago 21, 2020 11:36 pm

O Ritual de Contrição teve êxito.

***

O tempo foi passando e Alain consolidou-se como um adren respeitado na Seita do Grande Urso Pardo. A posse da grã-klaive contribui para seu prestígio, além de proporcionar-lhe uma arma magnífica.
O entrevero com Anton não arranhou sua reputação. De fato, pouco se ouviu falar de Fonte Fria durante esse período.
Aleksandr permaneceu como um aliado, mas não fala muito de lá, demonstrando que sua lealdade é a Anton.
LaForge e mademoiselle DeFarge mantém suas partes no acordo e, até o presente, não parece que Alamand tenha percebido a farsa que salvou Tatiana.
A matilha de Senhores das Sombras ainda não chamou Alain para a abertura do caern mas, de qualquer modo, permanece em contato.
Embora LaForge continue tão arredio e medroso quanto antes, pode ser localizado facilmente através de sua amizade com Ameline. Até onde se sabe, ele está ensinando a parentes o seu ofício.
Ameline, Maysa e Tatiana continuam próximas a Alain, independentemente das decisões amorosas que este possa ter tomado.
Ameline segue impulsiva e de coração insensato, mas tem sabido respeitar os segredos de Alain.
Maysa se afastou de Fonte Fria e, de um modo geral, os Dihb deixaram de pertencer ao rebanho. As exceções são Jamile, que voltou ao caern, e Khalil, que preferiu ficar neutro.
Tatiana não perdeu a ingenuidade, mas cumpre a promessa de ser obediente a Alain.
Starik está ainda mais velhinho, mas vivo e continuava sendo o melhor amigo dela.


RESUMO DA QUEST:

Subida de posto para adren.
Fetiche: Grã-klaive
Contatos: matilha de Senhores das Sombras
Aliadas: Ameline Oberholzer e mademoiselle DeFarge
Ritual de Contrição

10 pontos de xp para gastar em carisma, manipulação, inteligência, raciocínio, empatia, lábia, etiqueta, investigação, força de vontade ou gnose.
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