Klauss Krugger - Uma Matilha Difícil

-- Então todas as outras espécies que podem ser alimento delas, ou por acaso temos algum predador de gorgonas aqui na região? Não preciso nem falar o que acontece com um meio ambiente quando um predador é inserido.

-- As vezes fazer o certo é mais difícil do parece, não estou defendendo eliminar os filhotes, mas como ultima alternativa... é contra tudo *Klauss pensa um pouco.*, mas como Estevão falou que elas espíritos que usam o corpo como hospedeiro  e se tentarmos levar as gorgonas para umbra? Como elas são espíritos isso seria possível?

— Não estou falando em deixa-los aqui, mas em buscar alternativas ao massacre — disse Tamires — Não acredito em ecologia como desculpa para crueldades. Até porque, se vão massacrar qualquer criatura potencialmente prejudicial ao meio ambiente, talvez devessem começar pela minha espécie, de longe a mais nociva.

Se seguiu um silêncio constrangedor, com lobisomens pigarreando e olhando para outro lado.

— Matar o hospedeiro devolverá o espírito à Wyld — disse Estevão, recebendo um olhar fulminante de Tamires.

— Já ouvi falar de um caso em que as górgonas, ao terminarem sua tarefa (porque as górgonas sempre surgem por uma razão, ainda que a gente não saiba), voltaram com o corpo do hospedeiro à umbra, através de um limiar. — disse Íria pensativa.

Tamires abriu um sorriso.

— O limiar a gente já tem! — disse Ben dando um saltinho com a górgona nos braços.

— O que não tem é tempo — Braço de Aranha se ajeitou na poltrona com uma careta e olhou o relógio de pulso.

— De fato — disse Domenico mexendo no celular — consultando aqui minhas fontes, acabam de registrar no Hospital Geral — começou a ler em voz alta — o atendimento de um homem que corria no parque e se chocou com uma espécie de morcego desnorteado, sofrendo lesões leves e urticária.

— Ok. Tamires, eu entendo seus pontos e concordo com boa parte deles. Mas, por razões que estão além do que podemos te explicar, muito menos em uma noite de emergência, manter segredo sobre a nossa existencia como seres sobrenaturais é uma questão de sobrevivência. Nós já massacramos e já fomos massacrados antes e isso é tudo o que eu vou te dizer. Reverenciamos a Wyld e te prometo que vamos devolver esses espíritos a ela com respeito e sem crueldade.

Tamires e Ben começaram a protestar, mas Julián os conteve com um gesto enfático das mãos.

— Esperem! Tamires, quero que você trabalhe junto com a matilha de Ben, tentando resgatar as górgonas que possam, para levarmos DEPOIS ao limiar, desde que, ATENÇÃO, desde que isso não chame a atenção de humanos, nem ponha ninguém em risco. Fica ao cargo de vocês toda a logística e uma mínima merda que aconteça, eu mudo de opinião na hora, ok? O resto de nós vai caça-las, eu lamento. Se tivermos a oportunidade de resgatar, o faremos. Mas a prioridade é conter a crise.

— Tem alguma informação mais que você possa nos dar?

— Bem, de verdade eu não sei um modo efetivo de mata-las, acho que isso vocês saberão mais do que ninguém. Mas posso dizer que, pelo que observei da mãe, elas serão noturnas. Então vocês podem surpreende-las durante o dia descansando em grutas e frestas nas rochas, nas áreas rurais — era evidente a dor na expressão de Tamires ao passar a informação — No campo elas têm mais disponibilidade de agua e comida. Como ainda são pequenas, o mais provável é que comam insetos. Rios, lagos e riachos vão atraí-las, pela água e alimentos. Principalmente áreas de vegetação mais densa. Nas zonas urbanas, vão se abrigar em casas e prédios abandonados e também é possível que com o tempo apareçam em sótãos e porões das casas. Sempre em lugares pouco movimentados. Como no caso atendido, elas também vão buscar insetos em parques e jardins urbanos e em áreas com grandes populações de baratas, como lixões, zonas com muitos restaurantes e becos sujos.

— Obrigado — Julian sorriu. — Então vamos partir para o plano de ação. Estevão e Domênico, quero que vocês comecem a levantar as áreas onde ocorrem incidentes para traçarmos um mapa de onde apareceram as górgonas. Antes de prosseguir, alguém tem mais alguma sugestão?

Uma mãozinha segurando um lápis se ergueu.

— Diga, Felícia — disse Julián surpreso.

— Vocês falaram em insetos, acho que os balam têm um dom de chamar insetos, se não me engano...

— Vocês falaram em insetos, acho que os balam têm um dom de chamar insetos, se não me engano...

*Klauss vai até Julian.*

-- Se me permite Julyan-rya, vou chamar meus corvos... os Corvos da Quebrada podem nos ajudar com isso, se vocês não se importam em termos uma matilha de Roedores de Ossos aqui em Fonte Fria...

*Se for autorizado pega o celular e liga para Vão-Livre.*

-- Sei que é tarde da noite, mas deem seus pulos, preciso de vocês aqui em Fonte Fria pra ontem...

*Assim que desliga o telefone Klauss olha para Felicia.*

-- Um tempo atrás você comentou algo sobre a cachoeira... você sabe de alguma caverna ou gruta naquela região?

*Em seguida continua para os demais.*

-- ... qual a distância da estação de captação de esgoto para esse parque onde o homem corria? Precisamos montar um perímetro e ir afunilando. Até agora tivemos dois avistamentos o do taxista que trouxe Rovena e eu e agora nesse no parque. Como o ponto zero está aqui no haras ja temos um ponto de partida... minha sugestão seria traçar o perimetro ao redor da cidade e fechar o cerco em seguida ver nos limites e caçar nesses pontos também.

— Claro que eu não me importo, mas... meter Serpente do Brejo nisso...

Julián deu uma mordida no sanduíche e ficou mastigando um tempo, a mandíbula se mexendo debaixo do nariz comprido e das altas maçãs do seu rosto andino. Klauss notou as pequenas rugas que começavam a se formar ao redor dos olhos do ancião, já no inicio dos quarenta, e o pomo de Adão que subia e descia, conforme Julián engolia os bocados com ajuda de goles de café.

— Não quero cometer o mesmo erro de Rovena e perder tudo por recusar ajuda — disse por fim Julián. — Mas pôr mais forasteiros no meio....

— Que foi? — disse Braço de Aranha, aproximando-se e pondo a mão no ombro do líder.

Julián contou a ideia de Klauss.

— Mete bronca — disse o velho, abaixando-se para pegar um sanduíche e sorrindo — São nossos fregueses desde aquela questão com a Mysiats — piscou um olho para Klauss — depois eu planto uma merda por lá para os senhores das sombras e andarilhos do asfalto se distraírem.

Julián olhou para o outro ancião, ainda em dúvida.

— Está bem — disse suspirando — Klauss, pode chamar seus amigos.

Dava para ouvir a música eletrônica alta do outro lado da ligação.

— Esqueceu que essa cidade não dorme, meu parça? Vou reunir a matilha, acho que a gente consegue chegar aí hoje de tarde ou amanhã. Mas qual é a fita? O que eu vou dizer pros velhos daqui liberar a gente?

Felícia estava de novo ao lado de Ben, depois que Tamires recolheu a górgona à caixa de transporte. Klauss sentiu a pumonca hesitar.

— As cachoeiras são território do meu povo — disse, por fim, medindo as palavras — melhor conversar com o Daren.

— A estação de tratamento está a uns quinze minutos a pé do parque — respondeu Domênico.

— Venham comigo — disse Estevão, atravessando a sala de jantar enquanto incluía números no celular. Chegou à sala de estudos e ligou um computador e se sentou. Buscou uma boa imagem do mapa de Pedra Lisa, copiou e abriu em outro programa — . Aqui a gente vai marcando os avistamentos.

— Parece que tem outro — disse Domênico, olhando seu celular — Pesquisando os registros, minha fonte achou que no mesmo Hospital Geral, deu entrada há dois dias um trabalhador da estação de tratamento de esgotos com irritação na pele. Que acham?

— Ô de casa! — disse um vulto do outro lado da porta de vidro — A matilha da noite me deixou entrar.

Aretha atravessou a porta que alguém lhe abriu, esbaforida e com uma mochila nas costas.

— Ai! Meus dois lobisomens favoritos! — abraçou com força Julián. Do meio dos braços da corax, surgiram os olhos de Julián, que se encontraram faiscantes com os de Klauss, como a dizer "aposto que isso é coisa sua!"

-- Então estou de casamento marcado, vocês já estão na minha lista e quero os filhotes que resgatamos de Mysiats para carregar as alianças e preciso que eles conheçam o ambiente antes do casamento em si, até para correr tudo bem no dia do evento.

*Klauss fala antes que ela o abrace.*

-- Depois das novidades acho que será apenas um favorito, Caetano ainda está vivo, graças a Julian. Caetano falou que cuida dos seus só que o erro dele foi ameaçar os meus.

— Uau... — disse Vão Livre em um tom mais baixo — Parabéns, mano. Obrigado por lembrar da gente... Então vou falar com os ancião.

— Ele chegou aqui sem avisar nem os bastet, sequestrou uma parente do Klauss e ficou de ameaças. Mandamos o Klauss dar um corretivo nele, mas a coisa saiu de controle. Tá vivo, se recuperando no caern — disse Julián.

— Caraca... Discordo em muitas coisas das fúrias negras, mas às vezes parece que não posso deixar meus amigos homens sem supervisão. P.Q.P! Posso vê-lo, Julián?

— Não. Olha, Aretha, não me leva a mau, mas a gente está no meio de uma crise. Vocês deveriam ter falado comigo antes — Julián olhou duro para Klauss — Eu vou pedir pra você voltar outro dia para a gente conversar. E olha que tem bastante coisa. Eu ouvi o conteúdo do segredo e, carajo, você tinha que ter falado comigo.

— Não sei do que você está falando e não tenho que te contar tudo, Julián — Aretha encarou o ancião perplexa.

Klauss viu Felícia assomar silenciosamente no batente da porta que dava ao corredor.

— Outro reporte — disse Domênico a Estevão — Veterinários discutindo casos de cachorros com erupções cutâneas e sintomas de ansiedade na região do parque.

— Você sabe das minhas aspirações — continuou Julian, incisivo.

— DESCULPA! — interveio Braço de Aranha em voz alta — Não quero interromper a DR de ninguém mas como disse Klauss, já temos um padrão. A região da Estação de Tratamento de Esgotos e o parque. É o epicentro. Ou um deles. Klauss, você que está com a cabeça mais fria, vai pra lá e começa a buscar pelas górgonas.

— Shhhh! — fez Julián.

Braço de Aranha se aproximou dele.

— Julián-yuf — disse calmamente — Temos uma emergência com seres alados e essa moça aí vôa. É o Véu. Precisamos agir logo, depois a gente conserta as cagadas do caminho. Está amanhecendo. Minha sugestão é que Klauss, Monalisa e Aretha comecem já a investigar a região da ETE em busca das górgonas ou de lugares onde elas possam estar se escondendo para dormir. Você chamou Salta Montanhas, cadê ele? Vamos trazer o Silas e o comando está pronto. Ben vai se juntar com a matilha dele no centro da cidade para não termos dois grupos se chocando no mesmo lugar. Que lhe parece?

Julián apertava os dentes cerrados. Perto do septuagenário, parecia um garoto com raiva.

— Está bem — disse por fim balançando a cabeça e engolindo em seco — Felícia, você, por favor, passa as informações para o Daren e pede para ele revisar as cachoeiras e áreas com muita vegetação e humidade. Eu vou ver com Rovena se ela tem os dados do motorista de app para a gente tentar rastrear em que rotas ele pode ter encontrado com a górgona. Agnella e Silas vem comigo, não quero mais atritos entre garous e bastets. Klauss vai com Aretha e Mona, podem levar a camionete. No caminho vocês põe Aretha a par. Ben, você vai com sua matilha e se mantém em contato com Tamires. Todos vamos nos comunicando pela grupo de Estevão. Alguma dúvida?

Enquanto falavam, raiou o dia.

Klauss estava pegando a chave da camioneta no chaveiro da parede da sala. Mona e Aretha estavam atrás dele.

Diante da porta de entrada aberta, Felícia se despedia de Ben.

— Você é incrível — sussurrou ela apertada no vestido emprestado e sem soltar o bloquinho de notas. Em seguida, projetou o rosto e tocou os lábios de Ben com os dela.

O tempo parou um segundo.

— Uai? A pumonca? — Salta Montanhas entrou pela porta e encarou Ben, que deu um pulo. Felícia escapou dali como um gás. Salta Montanhas caminhou rapidamente até Julián. Tinha uma mochila nas costas.

— Desculpa, meu velho, entendo seu problema, mas eu já estava de partida. Compromisso anterior — deu um riso forçado —Já viu, né? Você é o único peregrino que consegue ficar seis meses no mesmo lugar.

— Salta... por favor...— disse Julián.

— Não posso falhar com o pessoal de Vancouver. Sinto muito. Tchau, filho — tentou dar um abraço em Ben, que esquivou-se — Juízo aí com as mulheres. Fui!

Saiu pela porta com a velocidade de sua tribo.

— É sempre assim — disse Ben — Ele aparece só para estragar alguma coisa bonita e vai embora.

Julian observou-o com pena. Em seguida disse para Klauss.

— Será que dá para contar só com o bom senso de Chama o Dia para segurar a Rovena? — pensou um pouco, moveu a cabeça negativamente — Acho que não. Um a menos: Agnella, você fica aqui com eles.

A fúria negra assentiu. Julián suspirou.

— Bora, Klauss — disse Monalisa.

-- Posso contar com vocês?

*Klauss olha para Felicia e levanta as sombrancelhas.*

-- Precisa de alguma coisa Felicia?

*Antes de sair volta-se para Julian.*

-- Rovena aguarda para assumir a guarda de Caetano. E sugiro alguém conferir o que Felícia anotou nesse bloco.

*Volta-se para Monalisa com um sorriso apesar da expressão de cansado.*

-- Como dizem meus aliados que chegam amanhã... Demorou... *Extende a chave para Monalisa.* quer dirigir acho que você conhece a região melhor do que eu

-- Não vou pedir desculpas pelo que fiz com Caetano, porque eu faria de novo, ele ameaçou o que eu nunca tive... Caetano deve a vida a Julian e Daren, e se ele insistir com a ameaça não tenho outra alternativa a não ser terminar o que comecei, não espero que você entenda, nem que você me desculpe por ter quase matado seu irmão...

-- ... mas a crise agora é outra... em resumo a matilha dos garotos que estão sob minha tutela em seu rito de passagem investigava uma colméia de Espirais quando um limiar explodiu a Wild os afetou de maneira unica, mas quando eles fugiram desse lugar eles resgataram uma gorgona metade aranha metade borboleta...

...essa gorgona de alguma maneira colocou ovos, instrui os meninos que os destruissem, mas ao invés de queimar eles os jogaram na privada, resultado temos uma infestação de gorgonas na cidade. Pra completar elas são venenosas.

— Olha, eu não vou tomar partido nessa. Pelo que consegui entender, os três agiram com o fígado e certo romantismo: "ameaçou o que nunca tive", "você conhece minhas aspirações". Crá! Bando de macho emocionado!

Monalisa riu.

— Antes quero falar com Caetano — continuou Aretha —. Tenho certeza de que uma boa conversa resolve isso.

-- ... mas a crise agora é outra... em resumo a matilha dos garotos que estão sob minha tutela em seu rito de passagem investigava uma colméia de Espirais quando um limiar explodiu a Wild os afetou de maneira unica, mas quando eles fugiram desse lugar eles resgataram uma gorgona metade aranha metade borboleta...


— Morcego — disse Mona.

Aretha caiu na gargalhada.

— Que merda, hahahaha! Só em Fonte Fria acontece essas coisas.

O clima ameno foi interrompido por grossas gotas de chuva caindo no parabrisas. Minutos depois, já era um temporal.

— Ixi! O que vamos fazer agora? — perguntou a corax.

*Klauss puxa seu celular e escreve no aplicativo de EStevão.*

Tempestade, mantendo o destino inicial, menos pessoas nas ruas, no parque e chance dos filhotes estarem abrigados ser maior.

*Olha para a estrada em seguida para Monalisa.*

-- Falta muito ainda?

— Tamos chegando. — diz Mona — Mas tem uma coisa estranha aqui, tem ruas interditadas. Que estão falando no grupo?

Klauss consultou o chat.

— Crá! Velho brigando, não perco por nada!

— Também gostaria de ver— riu Monalisa — Mas, e aí, Klauss, damos uma olhada ou seguimos até a Estação de Tratamento de Esgotos

*Klauss fez a leitura do grupo em voz alta, e abriu um sorriso ao ler o nome do Ben/Shinobi e escreve no chat.*

--Ruas interditadas/alagamento próximo a uma velha igreja/aglomeração de pessoas/parando para conferir.

-- Encoste, na atual situação temos que verificar tudo...

*Abre a porta da caminhonete e caminha rapidamente pela chuva até chegar perto das pessoas, tentando ver o que esta acontecendo antes de falar com o grupo de pessoas.*

-- Bom dia! Algum problema?

Desculpa tratar o Cauã com camaradagem. Queria saber quantos gatos o Daren pôs na operação. Pode estar seguro que são mais do que três, só o Iberê está no grupo.

Aretha e Monalisa foram atrás. Klauss se aproximou do grupo.

— Mas seu Érico, já falaram que é fake news, é de uma empresa americana de efeitos especiais — dizia uma jovem debaixo de uma sombrinha transparente.

— Ah, e você acredita nessa mídia globalista comprada? — respondeu um idoso de bermuda e camiseta polo, agitando uma sacola de pão meio úmida — Pois eu vi, com esses dois olhos que a terra há de cumê — fez um gesto com os dedos em forma de tesoura na frente dos olhos — Saindo do esgoto.

— Tá, mas e quem arca com o prejuízo agora? — falou outro homem.

Os humanos imediatamente recuaram ao ver o porte imponente de Klauss. Se calaram, a não ser pelo idoso, que perguntou em uma voz baixa, mas firme.

— Bom dia. O senhor, quem é?

-- Meu nome é João Lucas, tudo bem com o senhor? Estou fazendo trabalho voluntário no Santuário que resgata cavalos maltratados, sabe? No antigo haras... estamos indo atender uma denuncia quando vimos as ruas interditadas e o alagamento, achei estranho que tenha alagado tão rápido ja que começou a chover a pouco, o senhor sabe o que aconteceu?

O idoso encarou Klauss com cara de dúvida.

— O pessoal da ecovila, seu Érico — falou o outro homem. E depois, dirigindo-se a Klauss — Vocês não têm vergonha de ficar perseguindo os carroceiros? É gente pobre, sabia? Quem nunca deu umas chicotadas nos cavalos teimosos ou chutou um cachorro? Agora animal vale mais do que gente!

— O senhor não viu o estado dos cavalinhos, pai — disse a jovem — Eu sigo a Dra. Tamires no Instagram. É um lindo trabalho. Parabéns.

Sorriu para Klauss, Aretha e Monalisa e fez um gesto oferecendo abrigo sob sua sombrinha. As duas sorriram de volta, mas recusaram.

— O mérito é todo da Tamires — disse Monalisa.

— Tudo bem, mas agora, seu Érico, a gente tem que falar do prejuízo, a minha casa alagou — disse o pai da jovem.

Ela se voltou para Klauss e explicou:

— O seu Érico cimentou as bocas de lobo da vizinhança. Agora veio a chuva e alagou tudo.

— Sem consultar ninguém, vai ter que pagar o prejuízo.

— Mas meu Deus do céu! — disse o velho com um gesto aflito — Estavam saindo aqueles bichos! A coisa mais horrível que eu já vi, ô João Lucas. Crendospadre! Uns morcegos com cara e com patas de aranha!

— É um animatrônic de uma empresa de efeitos especiais! — riu a jovem — Prazer, eu sou a Ana Júlia — estendeu a mão para Klauss.

— Com todo o respeito, senhorita, mas efeito especial uma ova! — seu Érico acompanhava as frases com movimentos enfáticos da sacola — Tô falando que eu vi! Aliás, essa cidade sempre teve coisas estranhas, vocês é que são jovens e não lembram. Mas os antigos contavam. Do cachorrão preto correndo nas estradas, da menina com cara de macaco que se matou lá na casa dos russos. Diz que os coveiros que abriram o caixão para ver a demonha morreram pouco depois de jeitos esquisitos.

Ana Júlia revirou os olhos e sorriu.

— Ai, seu Érico, o senhor acredita nas crendice do passado e nas de agora.

O velho bufou.

Monalisa tirou a carteira do bolso da calça molhada.

— Monalisa Versipelli — disse estendendo o RG para seu Érico — O senhor está falando de Karina Krasnovolk, enteada da minha tia avó. Deviam ter mais respeito pela família dos outros e por uma menina que nasceu com defeito genético.

— Sinto muito — disse Ana Júlia.

— Você vai me desculpar, moça — seu Érico baixou o tom — Mas continua sendo tudo esquisito. Joanópolis pegou a fama, mas as coisas mais estranhas aconteceram aqui. Eu era criança, mas lembro do matadouro de cavalos.

— Temos que ir, Ana Júlia — disse o homem — Eu só quero que o senhor pague o estrago na minha casa, seu Érico.

— Faz o orçamento e me passa. Também tenho que limpar minha casa. Mas, olha, um dia vocês ainda vão me agradecer por ter salvado a vizinhança dos bichos. E sabe Deus de que outras coisas mais — seu Érico fez o sinal da cruz novamente, olhando para Klauss e suas acompanhantes.

*Klauss faz uma expressão de sério???*

-- Como o senhor viu tantos detalhes uma dessas coisas o atacou?

*Klauss espera eles se afastarem e começa a retornar em direção a caminhote, pega seu celular do bolso e manda no grupo.*

-- Gorgonas foram avistadas saindo dos esgotos, teve um velho que cimentou as bocas de lobo da rua depois de avistar uma saindo de dentro do esgoto, como resultado tivemos o alagamento. A contra informação dos animatronicos está surtindo efeito, sabem dizer se o sistema de esgoto da cidade é grande o bastante para conseguirmos fazer um pente fino la dentro? Seguindo para a estação de tratamento de esgoto.

— Atacar não atacou, mas eu vi elas várias vezes, até pousada no muro, e não é criação de Deus! Você esperam a aranha atacar quando entra uma na sua casa, ô defensores dos animais?

— Klauss... A gente que vôa, não gosta de ficar em buraco escuro no chão. Bom, talvez algumas corujas, mas no geral a gente se sente mais seguro no alto. Meu palpite é que as górgonas já saíram. Queria dar uma olhada na igreja. O que você acha da gente se dividir?— perguntou Aretha.

— É. E esse seu Érico está me preocupando — disse Monalisa —. Eu podia voltar lá, junto com o Cauã ou o Dom, que são jornalistas, e dar a desculpa de entrevistá-lo. Aí posso induzir o esquecimento nele. Faço o velho esquecer a aparência das górgonas e com o tempo ele mesmo vai se perguntar se não era um morcego comum ou algo assim.

— Eu também tenho o dom. Posso ir depois com vocês, se quiserem reforço.

— O que você acha, Klauss?

Spoiler:

-- Dividir para conquistar, infelizmente meu dom Momentos Roubados apagam apenas as ultimas memorias... Mona siga o velho e ja entre em contato com um dos jornalistas, acredito que a fala da garota possa ser usada para eliminar essas memorias do velho, enfim, confio na sua decisão... Aretha verifique a Igreja e outras construções nas redondezas eu vou seguir para a estação de tratamento para ganharmos tempo, mantenham o grupo abastecido, vou informar que estamos nos separando.

*Klauss... informa sua decisão de separar no grupo e onde cada um está...*

... e segue para a estação de tratamento de esgoto.*

Klauss marca a mensagem de Benjamin.

— Foi o que a gente falou —  disse Monalisa descendo da caminhonete e trocando de lugar com Klauss — Olha, eu não vou seguir ninguém molhada desse jeito. Você me deixa em um ponto de ônibus, que eu vou voltar para a seita, tomar um banho e vir depois, com Cauã ou Domenico, entrevistar o velho decentemente. Não será difícil encontrá-lo.

Klauss finalmente chegou na ETE.

O edifício principal era um prédio de concreto cinza, com janelas espaçadas, telhando inclinado e vegetação ao redor. Através do portão de ferro um tanto envelhecido, dava para ver um mural pintado em cores brilhantes, retratando a importância do saneamento e da preservação ambiental para a população. Ao lado do portão, havia uma cabine de segurança com um guarda uniformizado dentro.

Klauss marca a mensagem de Benjamin.

-- Eu  não brinco com situações de ameaça  Ben/Shinobi/Soul Master... estou sendo pratico, os menores aqui são vocês três, mas se você tiver algum problema e quiser falar comigo pessoalmente, pra mim tudo bem.


*Em seguida marca a mensagem de Julian, e não consegue disfarçar seu descontentamento.*

-- Parar com o que??? Fui desrespeitoso com o senhor??? Como ja falei estou analisando uma crise e tentando ser pratico, se Julian-rya não concorda com a forma que estou agindo é só dar a ordem.

*Dirige até o ponto de onibus espera Aretha mudar para o banco da frente, dirigindo até  em silencio por algum tempo até estacionar próximo a igreja, olha para Artha.*

--Minha cabeça esta um verdadeiro turbilhão, peço que guarde segredo com o que vou falar agora pelo menos por enquanto... Caetano ameaçou Virna, o alvo de Caetano era ela e não Anne, antes que você diga qualquer coisa, eu descobri que ela está gravida, não quero que você fale nada a ninguém, não te peço mais nada...

A Corax deu um saltinho no banco ao ouvir a notícia.

— Ai, serio? Parabéns!!!!! — disse ela, esticando-se para dar um abraço em Klauss — Tá de quanto tempo? Já sabem o que é?

— Então é por isso.... Estou te notando alterado mesmo. Mas o Caetano, ele sabia que a Virna está grávida?

Ameaçou como? Alvo de que? Do sequestro?

Olha, é o que eu te falei, eu conheço vocês há anos, mas eu cresci com o Caetano. Ele pode ser cabeça quente, mas não é um assassino de parentes grávidas, isso eu posso assegurar! Eu tô sabendo pouco dessa história, mas já te disse que quero falar com ele. Agora, o que você está pensando?

Olha, é o que eu te falei, eu conheço vocês há anos, mas eu cresci com o Caetano. Ele pode ser cabeça quente, mas não é um assassino de parentes grávidas, isso eu posso assegurar! Eu tô sabendo pouco dessa história, mas já te disse que quero falar com ele. Agora, o que você está pensando?

Que ele vai sair do caern e ir atrás da Virna?

Onde ela está? A seita não tomou providências para isso não acontecer? E se você acha que o Caetano pode sair e atacar a Virna, coisa que eu acho muito improvável, mas vamos só pensar, então o que você está fazendo aqui? Fala com o Julián e vai cuidar dela. E eu vou falar com o Caetano.

*Klauss coça a nuca e da um sorriso amarelo.*

-- Tecnicamente eu ainda não sei, os últimos dias foram tão frenéticos que não consegui falar com a Vi, mas quando estava arrumando as roupas dela encontrei o teste positivo.

-- Ele não tinha como saber...

--... Ele me deu detalhes, quantas pessoas são na familia, até do irmão com necessidades especiais ele falou...

-- Isso não impediu ele de sequestrar uma parente para ter uma garantia que eu não ia matar ele, eu estava levando na boa até ele ameaçar a Vi. O que estou pensando, vou ser sincero nem sei o que pensar... muita coisa mudou aqui em Fonte Fria, estou apreensivo pelo futuro deles.

-- Acho que ele já entendeu o que acontece se ele for atrás dela.

-- Não sou de deixar tarefas inacabadas, precisava conversar com alguém para colocar um norte na minha cabeça, assim que te deixar perto da igreja vou ligar para Vi e ver como ela está e como está a familia dela, com Caetano fora de ação por um tempo espero que esteja tudo bem, mas assim que isso acabar eu vou para junto dela. Nunca pensei em ter esse tipo de desafio

*Dirige mais algumas quadras, pega o celular e faz uma chamada de video para Virna.*

-- Sei que é muito cedo, mas precisava ver você, possivelmente você ja saiba, Anne foi solta durante a madrugada, me impediram de resolver o assunto com Caetano de uma vez por todas, foi tudo tão rápido que não tive tempo de conversar com você. Nem de me despedir direito, foi preciso guardar suas coisas da casa onde estava hospedada. Estão comigo.

Klauss finalmente chegou na ETE.

O edifício principal era um prédio de concreto cinza, com janelas espaçadas, telhando inclinado e vegetação ao redor. Através do portão de ferro um tanto envelhecido, dava para ver um mural pintado em cores brilhantes, retratando a importância do saneamento e da preservação ambiental para a população. Ao lado do portão, havia uma cabine de segurança com um guarda uniformizado dentro.

*Estaciona a camionete há uns 10 metros da entrada e observa o guarda por alguns minutos seu comportamento e padrões, em seguida sem sair da camionete observa  o local onde o ETE  se localiza e possíveis pontos de acesso, altura do muro, geografia da região e finalmente observa a umbra.*

Aretha afagou o ombro de Klauss, depois fez uma carinha de súplica.

— Você me avisa quando nascer para eu conhecer ele ou ela? Quer dizer, se a Virna não se importar.

Aretha voltou a afagar o braço de Klauss.

— Vai ficar tudo bem, meu amigo. Vai ficar tudo bem.

Acabei de acordar. Ando meio indisposta, nada grave, não se preocupe. Só deixa eu me arrumar um pouquinho.

— Sim, eu falei com minha tia e ela me contou sobre a Anne. Ela está bem. Minhas irmãs são muito fortes, você vai ver. Uma fúria negra daí também me ligou, a Agnella. Disse que eu ficasse tranquila, que a seita está com o mandante do sequestro e que não há mais risco pra gente. Se prontificou se eu precisasse de alguma coisa, mas não se estendeu muito, como vocês sempre fazem. Me dá uma raiva nos contarem tudo sempre pela metade, mas, enfim, se Gaia não me presenteou com o Lobo, ela teve lá suas razões...

— Minha avó adorou o amuleto! — prosseguiu com um sorriso — Depois que ela viu a fita, deixou a lanterna mágica no quarto dela, em cima de uma toalhinha de crochê, ao lado da foto do meu avô. Pensando bem, acho que agora não tem mais como ela criar problemas...

-- Da mesma maneira ainda quero fazer as coisas da maneira certa. Se ela me reprovar eu te sequestro.

— Você ficou com as minhas coisas... — Virna olhou para outro lado, pensativa, depois falou tudo rápido e de uma vez — Minha tia me disse que vocês guardaram as coisas... Eu perguntei se ela não achou nada diferente. Ela disse que não... Aí fui mais específica e contei algo pra ela. Agora ela sabe. Ainda assim disse que não, então, se ela não achou nada, talvez tenha sido você... Estou falando... de... um teste de gravidez.... positivo. Ai, Klauss, me desculpe! — pôs as mãos na frente do rosto — Tomamos todas as precauções, não sei te dizer o que aconteceu. Talvez aquele 1% que os fabricantes não garantem... É um momento ruim, acabei de me formar e todo esse problema com os bastet. Por outro lado, a Mutti vai ficar tão feliz — sorriu. — Já pensou se é garou? Quer dizer, não quero ter expectativas. O que vier está bem, mas ela ia enlouquecer de alegria! É isso! Não sei o que você acha, mas eu já decidi, não tem nem o que pensar, eu vou ter o bebê.

O guarda estava tranquilo, olhando a rua. O ETE ficava em uma região ainda central da pequena cidade, com movimento nas ruas. O acesso parecia ser unicamente pelo portão. Os muros tinham cerca de 3 metros e cercas metálicas no topo. Klauss notou câmeras de segurança ao redor da central. A topografía era plana e havia amplos espaços contendo apenas vegetação cercando a central.

Por mais que tenha se esforçado, Klauss não consegui espiar através da penumbra local.

*Klauss pega seu celular e abre o grupo, manda mensagem no privado de Estevão.*

-- Cheguei na estação de tratamento, guardas e cameras de segurança, consegue pra mim um crachá virtual da empresa dos animatronicos que estão suando como desculpa ou ainda um cracha de uma empresa que verifique os procedimentos da Estação de Tratamento, se conseguir colocar minha visita no sistema deles também será de grande ajuda, assim não preciso invadir o local, nem matar mais alguém.

~ Estevão
Por que é que você quer um crachá da empresa fictícia de animatrônicos????? Melhor te mando uma credencial falsa da CETESB e tento colocar no sistema da ETE uma notificação de visita de inspeção para hoje. Aí você joga a conversa. Se precisar forjar a inspeção, pede algum documento como licença ambiental, relatórios de monitoramento, essas coisas. Usa teus dons. Mas vai levar um tempinho, uma hora, duas horas, dependendo de como é a credencial e o sistema, para ter tudo pronto. Aí mando o Liam te entregar a credencial.

~Tamires
Deixa o Aleksey saber que você vai mandar o menino na chuva.


~ Estevão
Hahahah. Vida de garou é assim, tem que ir acostumando. Os Corvos da Quebrada pediram para trazer os métis, não têm com quem deixar, óbvio. Adivinha quem vou mandar cuidar deles? A Amanda não cuidou do Liam quando ele era pequeno? Então, agora o Liam vai cuidar de dois metís para aprender a não fazer presepadas.


~Julián
Justo. Mas supervisiona. Tudo o que não precisamos é de mais problemas.


~ Estevão
Traquilo.

-- Uma das ideias é procurar os animatronicos que deram defeito e estão espalhados pela cidade, mas a ideia da vistoria me daria passe livre sem ninguém por perto. Nesse meio tempo mando minha localização e vou rodar aqui por perto ver se encontro alguma pista, ou mesmo alguma das gorgonas por aqui.

~ Estevão
Klauss, acho que não te explicaram direito. Não existe animatrônicos na cidade. O que aconteceu é que, como estavam circulando vídeos amadores mostrando as górgonas, nós fizemos um video fake onde um técnico demonstrava que esses videos eram de uma empresa de efeitos especiais americana (que nós inventamos) testando seus animatrônicos. Como quando viralizam supostas cenas de guerra e depois alguém faz um video mostrando que são imagens retiradas de videogames, entende?

~ Ben ShinobiSoulMaster


~Julián
Ben, mais uma gracinha e você está fora da ação, ouviu? Vicente, tá vivo?

~Vicente
Estou. É que o Ben ficou responsável pelo grupo.

~ Ben ShinobiSoulMaster
Sim, senhor.

~Julián
Vicente, agora o responsável é você.

~Vicente
Ok.

Não vejo esses pequenos desde o incidente Mysiats, ah ja ia esquecendo, coloquem algumas roupas secas dentro de um saco plastico e mandem pelo Liam, se tiverem algo parecido com o que esses fiscais usam ajuda bastante.

*Manda a localização no grupo e da volta com a caminhote por toda a estrutura da ETE, observando o interior da arvores, em cima dos postes e observando toda a movimentação das pessoas.*