Seita da Muralha Verde

A Seita da Muralha Verde existe há mais de 500 anos, desde que os primeiros (garous) europeus estabeleceram contato com os (Feras) indígenas. A vila de São Vicente, comunidade colonizadora mais antiga do Brasil ainda existente, serviu de base para muitos garous que exploravam o Novo Mundo. A Baía de Santos era um porto natural bastante vantajoso para estabelecer os primeiros centros de habitação, e a cana de açúcar foi a matéria-prima que garantiu a sustentabilidade financeira da capitania hereditária, mas a Serra do Mar era uma barreira natural permeada pela Mata Atlântica que impedia a exploração em larga escala do continente. A passagem pela Serra do Mar em direção a pequena comunidades como as vilas de São Paulo e Santo André da Borda do Campo era feita montanhas acima através de trilhas e picadas no meio da mata. Em reverência a essa prodigiosa obra de Gaia, foi formada a Seita da Muralha Verde, tendo dedicado seu primeiro caern em São Vicente.
Com a inimizade dos Feras, que eram muito mais numerosos do que os garous no Brasil já naquela época, restou aos lobisomens ocultar-se entre as comunidades de imigrantes portugueses e outros europeus e crescer no mesmo ritmo delas, estratégia que perdurou por mais de trezentos anos. O controle sobre quem chegava ao Brasil pelos portos era feito de modo frouxo e relaxado desde sempre, mas piorou quando a Coroa portuguesa abriu os portos às nações amigas, aumentando o influxo de estrangeiros na Baixada Santista.
No início do século XX, praticamente todas as tribos da Nação Garou já tinham representantes em terras brasileiras, sendo recepcionados primeiramente pela Seita da Muralha Verde. Foi também por volta dessa época que a presença de Dançarinos da Espiral Negra foi detectada, alertando para a ameaça em pleno quintal da seita. Os combates com os garous decaídos se multiplicaram no último século, sob o disfarce de guerras, revoluções, criminalidade ascendente e acidentes nas estradas e indústrias. Esses inúmeros combates não mudavam o impasse existente, e nem a Nação Garou nem os Dançarinos da Espiral Negra alcançavam qualquer avanço substancial. Apesar disso, o morticínio dos defensores de Gaia gerava uma má fama para a seita perante a Nação Garou. Era cada vez mais raro conseguir voluntários para auxiliar a defesa da seita tendo em vista as constantes chacinas promovidas pelos numerosos espirais Negras.
Muito da cultura e história da seita se perdeu devido a essa guerra, e não há nenhum de seus garous que saiba contar os eventos mais antigos; seus heróis repousam em túmulos esquecidos e irreconhecíveis, baixas cuja importância acabou menosprezada com o passar dos tempos. A seita não cria filhotes, não faz festivais nem ocaisões sociais, e suas assembleias são breves e apressadas, apenas com o intuito de manter seus caerns minimamente operantes e seus aliados totêmicos firmes em sua luta. Mesmo a organização dos cargos na seita é feita de modo quase informal, e quase nunca os garous conseguem ser diligentes em seus deveres que não envolvam o combate.
Localizada no estado mais industrializado do país, a cobertura de Mata Atlântica na Serra do Mar encolheu rapidamente durantes os séculos 19 e 20, cedendo lugar à industrialização e construção de moradias precárias, e foi apenas em fins da década de 80 do século passado que os garous conseguiram inspirar os humanos a se conscientizarem sobre a preservação deste bioma. Mas isso não foi trabalho da Seita da Muralha Verde, pois ela estava mergulhada na guerra secreta contra a Colmeia da Névoa Venenosa, o covil dos Dançarinos em algum lugar do pólo industrial da cidade de Cubatão (não à toa, o município com a pior qualidade do ar de todo o Brasil). Enquanto outros garous cultivam seus parentes, fortalecem suas seitas com joguinhos políticos ou trabalham juntos aos humanos para conservar o que resta da beleza de Gaia, a Seita da Muralha Verde trava uma guerra de vida ou morte.

SITUAÇÃO ATUAL
A batalha que antecedeu a crise do Mar em Chamas dizimou boa parte da seita, reduzindo sensivelmente seus números. A seita conta atualmente com apenas 8 garous residentes, que se revezam fazendo tudo ao seu alcance para manter o esforço de guerra. Há pedidos permanentes por reforços temporários, que se intesificam quando os combates tornam-se inevitáveis.
A Seita da Muralha Verde usa táticas de guerrilha e movimentação pelas trilhas da mata para tentar nivelar o campo de batalha. Devido ao grande número de baixas do lado de Gaia, as seita possui um arsenal respeitável de fetiches poderosos, e também usa costumeiramente armas de fogo; também não é raro recorrerem à artilharia pesada quando necessário. Os membros da seita também são rigidamente treinados nas artes do combate, e podem ministrar aulas valiosas para quaisquer voluntários que desejem aprender a lutar melhor. Os membros atuais atingiram postos avançados devido a batalhas constantes.
O ambiente de pressão constante gera um ambiente explosivo. Disputas de hierarquia entre os ahrouns são corriqueiras, discordâncias sobre as melhores abordagens de cada problema não raro acabam em cada um agindo como achar melhor, e apenas os laços de amizade entre a maioria dos membros impede a dissolução da seita em meio a tantos conflitos internos.

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